quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A Complexidade do Falso Evangelho

Na velha e conhecida narrativa do "honrado e leproso" general siro Naamã (II Rs 5:1-19) vemos um homem orgulhoso que devido à circunstância adversa que o assola, vai buscar ajuda na terra Sagrada onde Deus "habita", movido pelo testemunho de uma jovenzinha crente. Naamã esperava ser recebido pelo profeta com honras de um militar soberano e vitorioso, e ser ministrado com algum tipo de ritual litúrgico digno da nobreza, ao invés disso, Eliseu nem se quer o atendeu mas enviou um de seus discípulos para dar-lhe uma receita simples para sua restauração e cura: "Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne te tornará, e ficarás purificado." (v. 10). A grandeza e a ostentação de Naamã fizeram-lhe sentir-se ofendido pela simplicidade da palavra profética, e um de seus servos trouxe-lhe a boa-nova: "Meu pai, se o profeta te dissera alguma grande coisa, porventura, não a farias? Quanto mais, dizendo-te ele: Lava-te e ficarás purificado." (v. 13).
O evangelho deste século (com raras excessões) é o mais distante do evangelho bíblico em todas as gerações, muitos acrécimos estão sendo inseridos à fé pura e o cristianismo que nunca deveria ter sido classificado como uma religião, hoje, disputa lugar com outros seguimentos religiosos, isso porque a exacerbada institucionalização da Igreja legou-lhe esse caráter meramente religioso, perdendo sua singularidade (Jo 14:6; At 4:12; I Tm 2:5). Fórmulas de cura e prosperidade, campanhas de restituição, orações e espiritualidade triunfalista, é tudo muito complexo em relação ao verdadeiro evangelho.
O mais danoso para o evangelho é o extremo do simplismo, sim, a simplicidade equivocada ou excesso de simplicidade tem nos apartado da verdadeira simplicidade, e Paulo já temia isso: "Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assi sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo." (II Co 11:3). A palavra de Deus ao primeiro casal era muito simples: "...da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás..." (Gn 2:17), mas a mesma serpente que apartou Eva da simplicidade divina (Gn 3:4-5), também apartou momentaneamente Naamã da simplicidade divina (II Rs 5:11-12), e agora está apartando a Igreja desta simplicidade.
Não jamais se adequará às nossa fórmulas teológicas, Deus não é paulino ou tiaguino, agostiniano ou pelagiano, calvinista ou arminianista. Não creiamos em obras e lgalismo para alcançarmos a salvação (Cl 2:20-22), tão pouco creiamos que uma oração superficial de "confissão" num culto evangelístico nos fará salvos. Sim, pela graça somos salvos por meio da fé, e isso não vem de nós, é dom de Deus (Ef 2:8), mas a fé sem obras é morta (Tg 2:17). O ato da salvação provém exclusivamente de Deus e de sua soberania, mas a conservação desta preciosa salvação é operada em nós "naturalmente", quando tememos a Deus à ponto de obedecê-lo e agradá-lo em tudo. "...operai a vossa salvação com temor e tremor." (Fl 2:12). Paulo não sofreria em vão pelos já crentes, se a salvação fosse definitiva e irrevogável; como se vê: "...tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna." (II Tm 2:10). Devemos também lembrar que o Reino de Deus não é de aparência (Lc 17:20), e que nossas obras de justiça exteriores são como panos imundos de chão (Is 64:6). Deus não leva em consideração as obras em si, mas sim, as obras operadas por fé, pois os atos serão provados pelo olhar perscrutador de Cristo, "a obra de cada um se manifestará; na verdade, o Dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um." (I Co 3:13). Esse texto faz alusão ao tribunal de Cristo onde não há julgamento mas não condenação, é como uma grande central de "video tapes" onde as obras dos homens serão expostas e provadas por sua real motivação, e mesmo que neste tribunal não haja condenação, algumas obras são tão egoístas, que alguns serão salvos "por um triz". "Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo." (I Co 3:14-15).
Em síntese, somos salvos não pelo que fazemos, mas pelo que Ele (JESUS) fez, mas conservamos a salvação pelo que fazemos com nosso corpo... É tudo muito simples mas a falsa religiosidade e o falso evangelho tornam as coisas muito complexas. Sem a fé ninguém pode agradar ao Senhor (Hb 11:6), e sem a santificação ninguém poderá ver ao Senhor (Hb 12:14).
Igrejas misturadas com o mundo,política, maçonaria, ecumenismo, show bisness, entretenimento não são a verdadeira Igreja de Jesus Cristo, são meras instituições religiosas que professam sua "fé" no Cristo histórico e numa declaração teológica alternativa de valores. Não é concebível um cristão genuinamente nascido de novo continuar em comunhão com o secularismo (que é o termo mais light para mundanismo) e a vida descomprometida com a santidade de Deus. Devemos SIMPLESMENTE amar o que Deus ama e odiar o que Deus odeia.
Que Deus em Cristo te abençoe.
Seu irmão, Pr. Enéas Ribeiro

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