quarta-feira, 30 de novembro de 2011

PATERNIDADE ESPIRITUAL



Ser pai é certamente uma das maiores dádivas que o Supremo Pai celestial concedeu aos seus filhos homens aqui na terra, e eu bem posso dizê-lo, mas, além da alegria e do privilégio o próprio nome pai, conota uma extrema responsabilidade. Não obstante, outro tipo de paternidade se faz ainda mais importante do que a paternidade biológica, a paternidade espiritual, aliás, esta paternidade corresponde a uma verdadeira lei espiritual irrevogável.
Pelo menos três características revelam uma verdadeira paternidade: (1) Amor; (2) Autoridade; e (3) Legado. Se algum pai, seja biológico, ou espiritual negligenciar qualquer destes três princípios, ele certamente tem fracassado em sua missão de ser pai.
Em primeiro lugar, o “ministério” de pai deve estar alicerçado em amor, pois o amor é a essência de todo relacionamento feliz, especialmente no que tange a pais e filhos. Sabemos perfeitamente que a suma designação da pessoa de Deus na dispensação da graça, é a de PAI, pois, através da fé em Jesus Cristo recebemos a adoção de filhos (João 1:12; Gálatas 4:5; Efésios 1:5), e ratificando nossa nova e honrosa condição de filhos, existe outro Poderoso Agente que nos introduz diante do trono de Deus como filhos e não nos permite esquecer nossa filiação, o Maravilhoso Espírito Santo (Romanos 8:14-16; Gálatas 4:6). Todo este cuidado em garantir nossa inclusão na família de Deus (Efésios 2:19), arquitetando este maravilhoso plano antes da fundação do mundo, revela o inexplicável amor de Deus por nós. A verdade primordial é que Deus não tem amor, pois assim, o amor seria mais um atributo de seu caráter, Ele é Amor (1ª João 4:8), ou seja, o amor não faz parte de Sua natureza, o amor é a Sua natureza. Um pai, portanto, é mais do que um genitor biológico, é uma fonte de amor onde o filho deve poder recorrer em qualquer tempo. Um pai que não ama não é um pai, e o verdadeiro amor deve ser externado com o sublime e liberal ato de dar o seu melhor por seus filhos. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16).
Outro aspecto imprescindível no caráter de um verdadeiro pai, é sua autoridade, sem a qual não existe um referencial de ordem e hierarquia. Na verdade, a autoridade de um pai sobre seu filho, revela seu amor por ele. Deus não exerce autoridade sobre seus filhos simplesmente para se ostentar como um déspota tirano que se gaba de seu poder de influência (aliás, este tem sido o comportamento medíocre de alguns pseudo-pastores). Dois aspectos revelam que a autoridade de Deus é manifestada através de seu amor: (1) O amor de Deus não mima. Muitos pais concedem certa “liberdade” aos seus filhos, e chamam esta liberdade de longanimidade; é claro que tal qual o caráter divino, devemos, como pais, procurar ser longânimos, mas que esta não se torne em conivência passiva e irresponsável. Nosso Pai celestial não é assim. Paulo exorta-nos a considerar tanto a bondade quanto a severidade de Deus (Romanos 11:22). Creio que poucas Escrituras bíblicas revelam a autoridade paterna de Deus como o que o texto a seguir:
E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor e não desmaies quando, por ele, fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque que filho há a quem o pai não corrija?
Hebreus 12:5-7
            Sim, o amor de Deus não mima; mas existe outra característica marcante da autoridade de Deus revelada em seu amor, (2) O amor de Deus exige reciprocidade. Na verdade, Deus não está clamando por nosso amor como um pedinte que esmola por atenção, mas a própria essência do amor divino pede, com autoridade escriturística a resposta desse amor. “Amarás, pois, o Senhor, nosso Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder.” (Deuteronômio 6:5) Na verdade este “pedido” de amor, é um clamor de nosso senso latente de responsabilidade, pois, o amor de Deus é extremamente constrangedor (2ª Coríntios 5:14). Em fim, a autoridade de Deus é um dos atributos que o qualificam como o Pai Supremo dos espíritos dos homens (Hebreus 12:9).
            Por fim, outro fator que revela a natureza de um verdadeiro pai, é o seu legado, ou seja, aquilo que ele pode transmitir aos seus filhos, que possa se perpetuar de geração em geração promovendo bênçãos e uma história ilibada na família. O legado, longe de ser bens materiais, é a herança cultural, moral e espiritual que um pai ‘ministra’ ao seu filho com fim de fazê-lo próspero em sua geração e nas futuras. Todo bom pai se preocupa não somente em “dar coisas” para seu filho, mas prioritariamente em ensinar coisas a ele; ensinar os melhores aspectos de sua cultura familiar, ensinar seus mais nobres atributos morais e acima de tudo ensinar um princípio espiritual seguro e sólido, que reja todas as demais áreas de sua vida (Mateus 6:33; 7:24-29). Um pai que não repassou um bom legado fracassou como pai (mas ainda é tempo de recomeçar). “E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te...” (Deuteronômio 6:6-7).
            Procurei apresentar alguns princípios que norteiam a paternidade para, agora, começar a falar sobre a lei da paternidade espiritual. Sim, entendemos que o nosso Deus é o Pai por excelência, e que nosso pai biológico tem um papel crucial e honroso em nossas vidas (Êxodo 20:12; Deuteronômio 5:16; Efésios 6:1-3), quero, porém, me referir agora ao pai espiritual.
            O início de nossa caminhada com Deus é marcada por relacionamentos e por ensinos que passam a nos acompanhar durante toda a nossa peregrinação aqui na terra. Em meio a estes relacionamentos e palavras que absorvemos normalmente se destaca alguém que, com sua sabedoria e amor, nos acolhe como um mentor e pai; esta pessoa pode também surgir em momentos cruciais de nosso ministério (não necessariamente no início) para nos servir como fonte de inspiração, consulta e repreensão, sempre contribuindo para nosso crescimento e aprimoramento. Poucos relacionamentos na bíblia expressaram tão bem este princípio como o de Elias e Eliseu.

Sucedeu, pois, que, havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que te faça, antes que seja tomado de ti. E disse Eliseu: Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim. E disse: Coisa dura pediste. Se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará; porém, senão, não se fará. E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho. O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros!...
2º Reis 2:9-12

            A admiração de Eliseu por seu mentor Elias era excepcional, após ter sido comissionado e convocado por Deus através de Elias, Eliseu jamais o deixou e passou a andar ao seu lado absorvendo sua sabedoria e sua fé. Houve momentos em que Elais até mesmo desejou ir adiante sozinho, mas Eliseu se recusava a deixá-lo (2º Reis 2:2-8). E foi exatamente essa persistência e perseverança de Eliseu em servir que legou a ele o direito de pedir ao profeta Elias qualquer coisa que desejasse. “...Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que te faça, antes que seja tomado de ti...” (2:9a). Observe diligentemente que se abriu diante de Eliseu a oportunidade de sua vida, e sua escolha seria reflexo de seu discipulado aos pés de Elias. Certamente, se Eliseu não tivesse sido previamente bem orientado e doutrinado por Elias ele não teria sido tão espiritual em seu pedido. Isto me faz lembrar de duas ocasiões em que o Senhor abriu oportunidades maravilhosas para que se lhe fizessem pedidos; precisamos saber o que queremos e querer  com entendimento, como Salomão (1º Reis 3:5-14) e Bartimeu (Marcos 10:51).
            Gostaria que você notasse no texto acima que um dos atributos que o discípulo Eliseu admirava em seu mestre Elias, era o seu zelo fervoroso e consumidor pela nação de Israel, Elias tinha um cuidado “quase sacerdotal” por Israel, Eliseu diante da visão apoteótica da ascensão de Elias ao céu num redemoinho exclamou: “...O Senhor sempre foi como um exército para defender Israel!” (NTLH). Eliseu estava disposto a assumir o papel de defensor do povo de Deus secundariamente à sua missão de defensor dos interesses de Deus, e nisso.
            Por fim, note também que o primeiro clamor de Eliseu ao contemplar a partida sobrenatural de Elias foi: “...Meu pai, meu pai...”. Este foi o nível de relacionamento entre Eliseu e Elias. Eliseu abriu mão da herança material de pai biológico (1º Reis 19:20-21) para receber a herança ministerial de seu pai espiritual (2º Reis 2:9-10).
            Eis aqui sete chaves espirituais para recebermos a herança de um poderoso ministério:
1-      Esteja disposto a renunciar sua estabilidade social e financeira priorizando os valores espirituais. Eliseu poderia ter aderido a uma próspera e bem sucedida carreira como fazendeiro lavrador, mas optou por labutar como servidor do profeta para herdar o ofício profético. Havia nele um nobre sentimento de renúncia característico da mente de Cristo. Alguém que não esteja disposto a priorizar o Reino de Deus (Mateus 6:33) não está apto a receber uma herança ministerial que exija dedicação e extrema responsabilidade espiritual. Um espírito despojado e renunciador é a marca de um promissor “filho espiritual”. 
2-      Esmere-se e seja diligente em servir aquele pai espiritual cujo “manto” você almeja. Eliseu investiu sua vida no mentorado de Elias. Ele “sugava” cada momento que passava ao lado do profeta servindo-o e aprendendo, sua primeira reputação foi de aquele “...que deitava água sobre as mãos de Elias.” (2º Reis 3:11). Na verdade, este é um princípio fundamental do Reino de Deus: “Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: - Se alguém quer ser o primeiro, deve ficar em último lugar e servir a todos.” (Marcos 9:35 – NTLH). O próprio Jesus sendo Deus assumiu tem um caráter servidor. “bem como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir...” (Mateus 20:28).  
3-      Rejeite qualquer comentário malicioso de terceiros a respeito de seu pai espiritual. Os três principais canais de comunicação do homem são: (1) visão; (2) fala e (3) audição. São também fortes agentes do pecado; podemos ser concupiscentes no olhar e maledicentes no falar, mas você me perguntaria: “Como nossos ouvidos podem ser agentes do pecado se o ouvir é passivo?” além da visão concupiscente e do falar maledicente, o ouvir pode ser conivente, e isto é pecaminoso. Alguns de nós “emprestamos” nossos ouvidos para os maledicentes e mexeriqueiros, nos alimentando desse veneno espiritual. Deveríamos nos recusar a ouvir qualquer tipo de comentário maledicente sobre homens que Deus ungiu (permaneçam ou não ungidos), especialmente sobre aqueles que são nossa paternidade ou cobertura espiritual. Eliseu não permitiu que os “observadores” fizessem menção do destino de Elias, pois sabia que suas palavras possuíam um tênue tom de sarcasmo (2º Reis 2:3). Quando ouvimos ataques verbais sobre um servo de Deus ou qualquer outra pessoa e reagimos com palavras coniventes como: “é verdade!” ou até mesmo “hãham!”, pecamos.      
4-      Esteja o máximo que possível junto de seu pai espiritual, andando ao seu lado e absorvendo sua sabedoria e seus atributos morais positivos. Pessoas são produtos da influência de pessoas. O sábio Salomão escreveu: “Anda com os sábios e serás sábio, mas o companheiro dos tolos será afligido.” (Provérbios 13:20). Eliseu andou ao lado de Elias, e antes de receber seu manto profético, absorveu seu legado espiritual, seu caráter ilibado e sua sabedoria, da mesma forma, se queremos “herdar” o ministério de um homem de Deus, devemos acompanhá-lo bem de perto, lembrando que “a unção que respeitamos é a unção que virá sobre nós”. Não anele apenas o poder e os dons de seu pai espiritual, procure observar e imitar suas qualidades morais mais destacadas, pois certamente foram estas que o projetaram para a grandeza espiritual. 
5-      Não queira ser o “eco” de nenhum ministério, seja uma voz única e personalizada, você pode ser tão poderoso em Deus quanto seu pai espiritual. Deus não está interessado em levantar e ungir outro apóstolo Paulo, e muito menos outro Pedro ou Moisés, Deus pode lhe dar da mesma unção que estava sobre estes homens, mas unção de Deus repousa sobre indivíduos e não sobre “clones”. Eliseu desejava a unção de Elias e não seus atributos pessoais e de temperamento, além disso, ele não queria apenas a unção de Elias, mas uma porção dobrada dela, e por disso, Eliseu operou em termos quantitativos mais milagres do que Elias. 
6-      Não deseje a herança ministerial de alguém para exibi-la como um troféu, faça uso dela para a glória de Deus. Eliseu não se ostentou com a capa de Elias colocando-a imediatamente sobre si, mas se colocou diante do mesmo Jordão que Elias abrira e fez o mesmo. Eliseu revelou com humildade a eficácia do poder de Deus agora estava sobre si, assim, seu ministério tão frutífero quanto o de Elias.
7-      Não queira se comparar a seu pai espiritual, mas não se incomode com as comparações que surgirão inevitavelmente. É inevitável que as pessoas comparem nosso ministério com o de nosso “pai espiritual” em diversos aspectos, na abordagem, na motivação, na paixão, na visão... Afinal de contas estamos com o manto dele, ou seja, a mesma unção que repousava sobre ele, agora repousa sobre nós. Os “...filhos dos profetas que estavam defronte de Jericó, disseram: O espírito de Elias repousa sobre Eliseu...” (2º Reis 2:15). A despeito de tais comparações, Eliseu nunca se ostentou como o “novo Elias”, mas desenvolveu seu ministério na direção do Espírito de Deus. As comparações sempre são muito perigosas, e precisamos nos guardar delas, aliás, o único a quem devemos realmente imitar e desejar ser comparados é com o Senhor (1ª Coríntios 11:1; Efésios 5:1).
O apóstolo Paulo deixou um maravilhoso e amplo legado para o jovem pastor Timóteo, ao qual chamou em duas ocasiões de filho na fé (1ª Timóteo 1:2; 2ª Timóteo 1:2). Paulo precisava deixar um representante idôneo para presidir a Igreja em Éfeso, assim, escolheu alguém idôneo, mas não tão idoso. O jovem Timóteo muito cedo absorveu os ensinos de Paulo de forma a se tornar apto para o ministério pastoral entre os crentes efésios. Paulo compreendia que as profecias acerca do ministério de Timóteo constituíam em uma base sólida para o início de sua trajetória, e apostou nele. “Este mandamento te dou, meu filho Timóteo, que, segundo as profecias que houve acerca de ti, milites por elas boa milícia.” (1ª Timóteo 1:18). Note que Paulo estava exortando seu “filho” Timóteo mais ou menos assim: “Sua chamada já está confirmada, agora, haja à altura da promessa!”. Dentre as muitas recomendações de Paulo ao jovem pastor, ele relacionou uma série de atributos imprescindíveis para aqueles que desejam um “manto” no santo ministério da Igreja (1ª Timóteo 3:1-10). Paulo também motivou o jovem Timóteo acerca de sua suposta inexperiência, pois sabia que em função de sua idade, muitos obreiros mais velhos poderiam desprezá-lo ou recusar lhe estar sujeitos, ao que Paulo escreve: “Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá.” (1ª Timóteo 4:12-13). Perceba que Paulo deixa claro que para que o ministério de Timóteo tivesse credibilidade e não fosse desprezado, era-lhe necessário ser um exemplo para os fiéis em pelo menos seis aspectos: (1) na maneira de falar; (2) na maneira de agir; (3) no amor; (4) na motivação; (5) na fé e (6) na pureza. Além disso, Paulo exorta Timóteo na prática de outros três aspectos fundamentais do ministério: leitura, exortação e ensino (v. 13). Paulo conclui esta parte dizendo que Timóteo não desprezasse seu dom declarando: “...o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério.” (v. 14).
Em fim, a paternidade espiritual é um princípio real, patente em toda a narrativa bíblica, e deveria ser mais diligentemente observada e ensinada por nós ministros de Deus.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O PRINCÍPIO DA ALIANÇA


            Nosso Deus é um Deus de alianças. Antes da fundação do mundo Ele já havia estabelecido uma poderosa aliança de sangue (Ap 13:8). Ele estabelece aliança de paz (Nm 25:12). Ele concede misericórdia e verdade no caminho daqueles que guardam sua aliança (Sl 25:10). Ele faz sua aliança conhecida para os que o temem (Sl 25:14). A aliança do Senhor é firme (Sl 89:28). Ele se lembra perpetuamente de sua aliança (Sl 105:8). Ele renova sua aliança (Jr 31:31).
            Deus estabeleceu sete alianças temporais chamadas dispensações e oito alianças humanas em forma de pactos.
            Estamos vivendo na dispensação da plenitude dos tempos (Ef 1:10), mas a história da humanidade foi dividida por Deus em sete dispensações, que são períodos probatórios em que Deus se revelou ao homem legando-lhe a mordomia da aliança, sempre se preparando para o clímax.
            O plano dispensacional de Deus é formado por sete períodos:
1-      Dispensação da Inoscência. Corresponde ao período em que o homem em seu estado de perfeição e pureza, exercia a mordomia da terra recém recriada. Não havia pecado ou malícia, reinava a inocência (Gn 2:25)
2-      Dispensação da Consciência. É o período a partir do qual os olhos do homem se abriram conhecendo o bem e o mal (Gn 3:5-7). A aliança foi desfeita pela desobediência de Adão, e o mundo ficou à mercê do Inimigo.
3-      Dispensação do Governo Humano. O homem proclamou sua própria independência ao rejeitar o governo de Deus, então, a terra passou para o governo humano, o que culminou com seu mais ousado intento, a construção da torre de Babel (Gn 11:1-6).
4-      Dispensação dos Patriarcas. Deus, então, encontrou um homem de fé, Abrão (Gn 12:1-9) que foi genitor de uma linhagem patriarcal de tribos. Abraão gerou Isaque, Isaque gerou Jacó, e Jacó gerou doze filhos, os doze patriarcas que formaram a nação de Israel.
5-      Dispensação da Lei. Uma nação não pode subsistir destituída de princípios legais de moral e cerimônia, assim, Deus enviou a Lei no Monte Sinai, às mãos de um levita chamado Moisés. Este período da Lei perdurou até a vinda de Jesus Cristo, que cumpriu a Lei e estabeleceu uma nova dispensação, uma nova e melhor aliança (Hb 9:15).
6-      Dispensação da Graça. Esta é a atual dispensação, a dispensação implantada por ocasião do ministério de Cristo. É a mais longa de todas e culminará com o casamento do Noivo Jesus com sua Noiva, a Igreja, o  arrebatamento da Igreja. A Graça está o mais longo período de oportunidade para o homem se voltar para Deus. O agente divino na dispensação da Graça é o Espírito Santo, ele é o penhor da Aliança. 
7-      Dispensação do Milênio. Esta será a última aliança, implantada por ocasião da volta de Jesus à terra em glória para reinar. Por mil anos Jesus reinará absoluto na sede do governo, Jerusalém, enquanto Satanás estará aprisionado neste período (Ap 20:1-3). Após os mil anos, Satanás será solto e enganará algumas nações que se rebelarão contra o reino de Jesus, mas serão destruídos e Satanás, juntamente com a morte e o inferno, será lançado no lago de fogo para sua aniquilação definitiva (Ap 20:7-15).
Estas são as sete alianças dispensacionais de Deus com a humanidade.
Com a queda, o homem e toda a criação ficaram sujeitos ao pecado, necessitando urgentemente de uma solução que viesse devolver-lhes o estado anterior. Para isso, Deus providenciou os meios para redimir a humanidade e restaurar a comunhão perdida. Até executar a solução definitiva, Deus estabeleceu algumas alianças como o homem. Alianças são pactos, condicionais ou não, em que Deus estabelece regras e/ou promessas ao homem, para que este atinja um determinado fim. Procure estudar as oito alianças:
1-      Aliança edênica (Gn 2:16,17)
2-      Aliança adâmica (Gn 3:15)
3-      Aliança noética (Gn 9:11-15)
4-      Aliança abraâmica (Gn 12:1-3)
5-      Aliança mosaica (Êx 19:5,6)
6-      Aliança palestiniana (Dt 30:1-3)
7-      Aliança davídica (2º Sm 7:16)

A Igreja de Jesus Cristo subsiste sob a égide e o princípio da Aliança. A aliança é parte do caráter cristão. A Aliança nos distingue como povo. A Aliança garante nossa credibilidade. A Aliança revela nossa autoridade. A Aliança é a base de nossa unidade. Estabelecemos aliança em nosso discipulado. Estabelecemos aliança no batismo. Estabelecemos aliança no compromisso com a Igreja de Jesus Cristo. Estabelecemos aliança nos votos do casamento. Estabelecemos aliança no compromisso de criar os filhos no caminho do Senhor. Estabelecemos aliança ao firmarmos contratos de trabalho. Em fim, o verdadeiro discípulo de Jesus Cristo tem intrínseco em seu espírito e caráter, um forte senso de aliança.
Em tempos de tanta apostasia e heresias, tem havido muita negligência de muitos ditos “crentes”, acerca de seu compromisso de aliança em dois aspectos fundamentais: (1) Aliança com o ministério local e (2) Aliança com a liderança espiritual.
Algumas pessoas trocam de denominação como trocam de roupa, a aliança que fazem com o ministério é tão frágil que se desfaz ao menor sinal de dificuldade interna, isto revela na essência a imaturidade cristã. Diante das adversidades patentes na cidade de Éfeso, o jovem pastor Timóteo poderia ter abandonado o ministério na cidade, mas encorajado por Paulo, seguiu perseverantemente (1ª Tm 1:3; 4:14).
Não estou dizendo que mudanças geográficas não podem ser feitas na direção de Deus, mas tais mudanças devem acontecer minucioso exame de tempo, circunstância e oportunidade, levando em conta que uma transição implica em uma mudança radical de vida, aliás, um novo ciclo de vida que não deve ser quebrado irresponsavelmente.
A aliança com a liderança espiritual é um princípio inexorável. Alguém que não tenha um compromisso de fidelidade com seu pastor, não pode se considerar fiel a Deus. Temos para com os nossos pastores um compromisso de legado e imitação. “Lembrai-vos dos vossos pastores que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver.” (Hb 13:7). Temos também, para com eles um compromisso de obediência. “Obedecei a vossos pastores e sujeita-vos a eles; porque velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.” (Hb 13:17).
Quando estabelecemos aliança sólida e inquebrável com nossos pastores, colocamo-nos sob sua cobertura espiritual, de forma não ficamos desguarnecidos para os ataques do Inimigo. Quando estamos debaixo dessa cobertura espiritual, absorvemos inevitavelmente a mesma unção e autoridade do ministério de nossos pastores.
Josué tinha uma aliança inquebrável com seu mentor Moisés. Eliseu tinha uma aliança inquebrável com seu mentor Elias. Timóteo tinha uma aliança inquebrável com seu mentor Paulo. Todos esses, estavam debaixo de poderosa cobertura espiritual. Agora, quais são as implicações positivas de se estar sob uma cobertura espiritual baseada numa aliança? Vejamos cindo benefícios:
1-      Proteção de ataques malignos.
Como já disse, Satanás terá mais facilidade em alvejar pessoas desguarnecidas de pastor, do que alguém que reconhece a importância da autoridade espiritual.
2-      Absorção do ministério.
Como também já disse, é um princípio imutável o da “absorção espiritual”, ou seja, quando estamos debaixo de determinada cobertura espiritual, somos influenciados pela mesma, a ponto dela se tornar a “nossa unção”.
3-      Credibilidade.
Eu não confiaria em um obreiro ou cristão que não tem uma referência ministerial. Essas pessoas tendem a ser insubordinadas e independentes. A cobertura espiritual nos outorga credibilidade ministerial em qualquer lugar.
4-      Prestação espiritual de contas.
Sim, Deus é o nosso refúgio e fortaleza, mas a quem recorremos aqui na terra para confessar os nossos pecados, pedir conselhos e abrir o nosso coração. Seria muita jactância de nossa parte dizer que só tratamos como Deus. Um obreiro, discípulo ou até pastor, precisa de pastor.
5-      Bússola espiritual.
Em determinados momentos da vida, uma palavra sábia pode mudar nossa história, pois existem tempos em que ficamos espiritualmente desnorteados, e precisamos da palavra de alguém que nos conheça, ore por nós e nos ame.

Acredito que estas verdades espirituais tenham penetrado em seu espírito, portanto, coloque-as em prática e viva a benção de relacionamentos espirituais e sadios.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O PRINCÍPIO DO PROTOCOLO



            Protocolo é saber agir. Protocolo é conduta certa nos lugares e ocasiões certas. Não existem seminários sobre protocolo, ele é aprendido instintivamente. Dificilmente você lerá em algum manual de pré-requisitos que não se deve entrar na sala do chefe por qualquer motivo. Você não irá encontrar na bíblia uma orientação sobre levantar-se quando o pastor entrar, ou que tom de voz deve ser usado para se dirigir a uma autoridade eclesiástica, mas este é um princípio intrínseco na cultura judaico-cristã e bíblica.
            Reconhecendo o Princípio do Protocolo, José não se apresentou relaxadamente diante da maior autoridade do mundo em sua época. “Então, enviou Faraó e chamou a José, e o fizeram sair logo da cova; e barbeou-se, e mudou as suas vestes, e veio a Faraó.” (Gn 41:14). Você não vai a uma entrevista de emprego com sua pior roupa. Você não vai a um tribunal de camiseta regata ou de chinelo. Você não vai se apresentar em uma audiência no palácio com a rainha Elizabeth em trajes esportivos. A jovem judia Ester alcançou o favor do rei Assuero porque reconheceu a Lei do Protocolo. Ester se beneficiou do Protocolo para quebrar outro protocolo. Ester precisava entrar na presença do rei, porém, segundo a lei se uma audiência não fosse burocraticamente agendada, isso poderia redundar em pena de morte, a não ser que o rei estendesse seu cetro. Ester estava debaixo de oração e jejum de seus compatriotas, porém, isso não seria suficiente se Ester não agisse com cautela (protocolo). Ester se preparou, física, espiritual e emocionalmente durante três dias. Preparação é um tipo de protocolo indispensável. Ester usou o protocolo para se apresentar adequadamente, com as mais belas e ricas roupas que poderia vestir. “...Ester se vestiu de suas vestes reais...” (Et 5:1a). Ester não entrou de uma vez, ela usou o protocolo ao se pôr “...no pátio interior da casa do rei, defronte do aposento do rei...” (v. 1b). Diante de tanta beleza e reverência, o rei não poderia reagir de outra forma: “...ela alcançou graça aos seus olhos; e o rei apontou para Ester com o cetro de ouro, que tinha na sua mão, e Ester chegou e tocou a ponta do cetro.” (v. 2). O protocolo escancara a porta do favor. Ao se preparar para entrar na presença do rei Ester obteve o seu favor. “...qual é a tua petição? Até metade do reino se te dará.” (v. 3). Da mesma forma, ao honrar o aniversário do rei Herodes com uma dança especial, Salomé obteve o seu favor. “...Pede-me o que quiseres, e eu to darei.” (Mc 6:22b). Ao honrar a memória de seu pai Davi priorizando a vontade de Deus, Salomão obteve o favor de Deus. “...Pede o que quiseres que te dê.” (I Cr 1:7). Ao reconhecer a linhagem real de Jesus chamando-o de filho de Davi, Bartimeu obteve o favor do Mestre. “...Que queres que te faça?...” (Mc 10:51)  
            Protocolo não é, porém somente vestir-se adequadamente, é também falar adequadamente. Embora Daniel fosse fiel somente a Deus, ele reconheceu a Lei do Protocolo ao se dirigir ao rei Dário honrosamente: “...Ó rei, vive para sempre!” (Dn 6:21). Neemias somente alcançou o favor do rei Artaxerxes porque conhecia a Lei do Protocolo. Neemias usou o protocolo para iniciar suas palavras diante do rei: “...Viva o rei para sempre!...” (Ne 2:3a). Neemias usou o protocolo ao não exaltar sua nação em relação ao império persa: “...o lugar dos sepulcros dos meus pais...” (v. 3b). Neemias usou o protocolo ao não usar um tom de exigência, como se o rei fosse obrigado a atendê-lo: “...Se é do agrado do rei, e se o teu servo é aceito em tua presença, peço-te...” (v. 5). Neemias usou o protocolo ao dar satisfação do tempo de sua ausência: “...apontando-lhe eu um certo tempo.” (v. 6b). Neemias usou o protocolo ao pedir ao rei cartas recomendação para sua viagem: “...Se ao rei parece bem, dêem-se-me cartas para os governadores dalém do rio, para que me dêem passagem até que chegue a Judá.” (v. 7). Note também que Neemias usou o protocolo ao pedir uma coisa de cada vez, com tato e cautela. A Lei do Protocolo foi um dos motivos que fez com que Deus estendesse sua mão para ajudar Neemias (v. 8c). Protocolo é falar coisas saudáveis: “Favo de são as palavras suaves: doces para a alma e saúde para os ossos.” (PV 16:24). Protocolo é falar na hora oportuna: “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.” (Pv 25:11). Protocolo é falar com reflexão: “O coração do justo medita o que há de responder...” (Pv 15:28a). Protocolo é falar com brandura: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.” (Pv 15:1). Protocolo é falar pouco: “Retém as suas palavras o que possui o conhecimento... Até o tolo, quando se cala, será reputado por sábio; e o que cerrar os seus lábios, por entendido.” (Pv 17:27-28) Protocolo é falar depois de ter ouvido: “Responder antes de ouvir estultícia é e vergonha.” (Pv 18:13).
            Paulo, seguindo o protocolo esperou a permissão do rei Agripa para se pronunciar: “...Agripa disse a Paulo: Permite-se-te que te defendas.” (At 26:1a). Sendo um minucioso observador da Lei do Protocolo, Paulo, antes de se pronunciar fez sinal com a mão de que iria se defender. “...Então, Paulo, estendendo a mão em sua defesa, respondeu...” (v. 1b). Note o protocolo no discurso de Paulo, passo a passo: (1) Demonstrando-se honrado por estar na presença do rei e poder falar-lhe. “Tenho-me por venturoso, ó rei Agripa, de que perante ti me haja, hoje, de defender...” (v. 2); (2) Exaltando a cultura e o conhecimento do rei. “mormente sabendo eu que tens conhecimento de todos os costumes e questões que há entre os judeus...” (v. 3a); (3) Pedindo humildemente a preciosa atenção e também a paciência do rei. “...pelo que te rogo que me ouças com paciência.” (v. 3b); (5) Ao ter sua condição mental insultada pelo governador Festo, não perdeu o respeito ao governador e a reverência perante o rei. “...Não deliro, ó potentíssimo Festo! Antes, digo palavras de verdade e de são juízo.” (v. 25). Perceba que a Lei do Protocolo possibilitou a Paulo testemunhar de Cristo a uma autoridade governamental, como o próprio Jesus lhe havia prometido (At 9:15). “Crês tu nos profetas, ó rei Agripa? Bem sei que crês.” (v. 27) Perceba também, que Paulo não foi afoito para anunciar a Cristo, e a sua sutileza foi notada até mesmo pelo rei Agripa. “...Por pouco me queres persuadir a que me faça cristão!” (v. 28). Agripa ficou tão impressionado com Paulo que quis solta-lo, e o teria feito se houvesse outro protocolo a ser seguido. “...Bem podia soltar-se este homem, se não houvera apelado para Cézar.” (v. 32). Protocolo é saber entrar e saber sair. Protocolo é ser simples como a pomba e prudente como a serpente (Mt 10:16). O protocolo é um princípio fundamental.

O PRINCÍPIO DA HONRA



            A honra é a chave mestra para se entrar em qualquer ambiente. Quem sabe honrar sempre será bem recebido e ouvido com prazer. A honra é uma das leis mais importantes dos relacionamentos. Dos dez mandamentos, os quatro primeiros tratam de honrar a Deus e os demais seis de honrar o próximo. Jônatas honrou a Davi, e em ocasião oportuna Davi retribuiu tal honra ao seu filho Mefibosete. Davi honrou a Hirão, rei de Tiro, pelo que Hirão honrou ao seu filho Salomão depois de sua morte fornecendo-lhe matéria prima para a construção do templo. A honra pode determinar a longevidade ou a morte prematura. Um dos mandamentos é: Honra teu pai e tua mãe, para te vás bem e tenhas os seus dias prolongados sobre a terra (Êx 20:12; Ef 6:2-3). Muitos sujam seu próprio nome por não honrarem seus compromissos. Muitos destruíram sua vida conjugal por não honrar seu casamento como ordena a bíblia (Hb 13:4). Os presídios são simplesmente o confinamento de pessoas que desonraram o seu semelhante, seja matando, roubando, defraudando ou enganando. Saber honrar é saber viver. Saber honrar é saber entrar. Saber honrar é saber permanecer. Saber honrar é saber crescer.
            A história também deve ser honrada. Só pode ser honrado pela história quem honra a história. Elias honrou a história quando reconheceu não ser melhor do que seus pais. Honrar a história é respeitar os cabelos brancos. Honrar a história é honrar a face do idoso (Lv 19:32). Nazaré teria sido impactada pelo ministério de Jesus se soubessem honrar o profeta de casa (Mt 13:57).
            Paulo dedicou os sete primeiros versículos do capítulo treze da carta aos romanos para ensinar a Lei da Honra. Paulo nos exorta a honrar toda autoridade aqui na terra, pois toda autoridade existente foi constituída por Deus (seja por sua vontade soberana ou por sua vontade permissiva). Em tese, o versículo dois diz que quem não honra a autoridade não honra a Deus, e esta desonra trará condenação. Honrando as autoridades não precisamos temê-las, pois se nós as honramos seremos honrados por elas. “...Faze o bem, e terás louvor dela.” (v. 3c). A bíblia nos ensina que ministros de Deus devem ser honrados. Quem honra os ministros de Deus será honrado por Deus. Você sabia que as autoridades da terra são [relativamente] ministros de Deus em nosso favor, ainda que algumas delas não saibam disso? Você sabia que um policial é um ministro de Deus para o nosso bem? Assim como delegados, presidentes, governadores, prefeitos, deputados, vereadores, senadores, guardas também o são. “Porque ela [a autoridade] é ministro de Deus para teu bem...” (v.4a). Você sabia que se desonrarmos as autoridades terrenas, devemos temê-las, porque desonrando-as estamos sujeitos ao seu castigo, com respaldo das Escrituras Sagradas? “...Mas, se fizeres o mal, teme, pois [a autoridade] não trás em vão a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal.” (v. 4b) A honra às autoridades não deve ser por conveniência, e sim com o coração reto (v. 5). Paulo encerra dizendo que a cada um deve ser tributado uma honra distinta (v. 7). Ninguém trata a todos de igual modo. Se você diz que honra a todos igualmente, você não é um sábio, mas sim um tolo. Você não trata o marido de sua vizinha da mesma forma que ao seu marido. Você não lava as peças íntimas dele, não leva a toalha para ele após o seu banho, não tira suas meias quando ele chega do trabalho. Esta honra você reserva somente para o cabeça da casa. Ainda que você honre um mendigo, você não o chamará de “Vossa Excelência”. Em um júri você não chama o juiz de “meu amigo”. Você não irá se dirigir a um graduado cardeal católico dizendo: “E aí padre?!”, ou ao Papa com “Olá senhor Papa!”. Existem designativos distintivos para referir-se a diversas classes de autoridades para honrá-las. Ao Presidente da República, o Ministro do Estado, o Chefe do Gabinete Militar da República, o Consultor Gral da República, os Presidentes e Membros das Assembléias Legislativas, os Governadores e Vice-Governadores dos Estados, Prefeitos, Senadores, Deputados, Embaixadores, Cônsules, Juízes, Generais, Marechais e outros, nos dirigimos como “Vossa Excelência” (V.EXª.) ou “Excelentíssimo Senhor”.. Aos funcionários Graduados, Organizações Comerciais e Industriais e Particulares em Geral, tratamos de “Vossa Senhoria” (V.Sª.) ou “Ilustríssimo Senhor” (Ilmoº. Sr.). Para Cardeais usamos “Vossa Eminência” (V.EMª.) ou “Eminentíssimo Senhor”, assim como para Arcebispos e Bispos usamos “Vossa Excelência Reverendíssima” (V.Exª.Revmª) ou “Excelentíssimo Senhor”. Ao Papa nos dirigimos como “Vossa Santidade”, já que ele prefere assim! Aos Reitores de Universidades nos dirigimos como “Vossa Magnificência” ou “Magnífico Reitor”. Para Reis, Rainhas e Imperadores usamos “Vossa Majestade” (V.M.), já para Príncipes e Princesas usamos “Vossa Alteza” (V.A.). Para líderes eclesiásticos (Igreja Evangélica) devemos tratá-los por suas designações específicas: Pastor, Presbítero, Bispo... Não podemos, porém, ainda que tenhamos uma posição honorífica, nos honrar mais do que honramos ao próximo. “...preferindo-vos em honra uns aos outros.” (Rm 12:10b). O Rei Dário honrou a Mardoqueu (Et 6:6). Jesus honrou seus discípulos (Jo 13:1-20; Lc 22:30). Obreiros dedicados e bem recomendados devem ser recebidos em honra (Fl 2:29). Pastores e líderes cristãos que administram sabiamente e trabalham integralmente no ministério da pregação e do ensino, devem ser especialmente honrados (I Tm 5:17).
            A habilidade de saber honrar distingue o tolo do sábio. Pessoas sem nenhuma instrução podem alcançar grande sucesso por saber honrar. Pessoas, até mesmo eminentes, podem ser amaldiçoadas por não saber honrar. Mical sendo uma princesa não soube honrar a Davi como novo rei de Israel (II Sm 6:20-23). As humildes e “desprezíveis” servas do antigo rei, Saul, honraram o novo rei Davi (6:22).
            Até mesmo o temperamental pescador e apóstolo Pedro aprendeu a Lei da Honra. “Honrai a todos...Honrai o rei [governante da nação]” (I Pe 2:17).
            Certa vez, Paulo por ignorância, desonrou uma autoridade religiosa de sua nação, ao ser informado de que se tratava de um sumo sacerdote, logo se retratou dizendo: “...está escrito: Não dirás mal do príncipe [líder] do teu povo.” (At 23:1:5).
            O reconhecimento do Princípio da Honra pode evitar grandes catástrofes. Davi sentiu-se ultrajado pela recusa de Nabal e honrá-lo, isso despertou o “tolo” que havia em Davi (todo homem tem dentro de si um rei e um tolo). Quando Davi veio com seus homens para derramar sangue inocente (“...mesmo até um menino.” – I Sm 25:22), Abigail, esposa de Nabal que conhecia a Lei da Honra, fala ao “rei” que havia dentro de Davi, nos dando uma lição de reverência, humildade e sabedoria com a qual encerramos esta parte: “Vendo, pois, Abigail a Davi, apressou-se, e desceu do jumento, e prostrou-se sobre o seu rosto diante de Davi, e se inclinou à terra. E lançou-se a seus pés e disse: Ah! Senhor meu, minha seja a transgressão; deixa, pois, falar a tua serva aos teus ouvidos e ouve as palavras da tua serva...” (vv. 23-31).
               Aprenda a honrar. Isto é de Deus.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A GOGIC E O LEGADO DO PÚLPITO




E Esdras, o escriba, estava sobre um púlpito de madeira, que fizeram para aquele fim...Neemias 8:4a

Certamente o púlpito tem sido o “objeto de desejo” de muitos aspirantes aos holofotes do ministério cristão moderno. Digo ministério cristão moderno, pois a concepção moderna de ministério implica em glamour e glória humana. O púlpito cristão é o metro quadrado mais disputado dentro do seguimento religioso.
A COGIC - Church Of God In Christ (Igreja de Deus em Cristo) em sua história centenária (1897), tem sido marcada por homens e mulheres de Deus que fizeram deste móvel cristão um lugar empolgante, e nessa breve postagem, queremos ilustrar esse extraordinário paralelo entre a leitura da lei pelo sacerdote Esdras e a vibrante liturgia COGIC.  
O texto de Neemias 8:4, é a primeira e única referência a palavra púlpito em toda a narrativa histórica da Bíblia, aqui nasceu o legado da mobília mais sagrada do culto a Deus. Aqui, Neemias revela os propósitos do púlpito.

1-    O PÚLPITO É LUGAR DE INTERCESSÃO
...e estavam em pé junto a ele...” (v. 4b)
Tristemente se percebe em muitas igrejas, que aqueles que estão na retaguarda do ministro, pregador ou cantor, um espírito de antagonismo e depreciação, muitas vezes oriundos da inveja, os homens que estavam com Esdras na tribuna, conservavam-se em pés em intercessão e apoio; este tipo de comportamento litúrgico é muito comum na COGIC, diante das palavras poderosas transmitidas pelo pregador ou cantor, os colegas que o ladeiam se põem em pé como forma de apoio e intercessão, com palavras como: “prega!”, “vamos lá pregador!”, “abençoa Deus!”, “usa o teu servo!”. Ministros de Deus não podem esperar tal apoio apenas quando pregam, mas devem ser tão intercessores e apoiadores para com os demais ministros.

2-    O PÚLPITO É LUGAR DE EXPOSIÇÃO DAS ESCRITURAS
E Esdras abriu o livro perante os olhos de todo o povo...” (v. 5a)
Esdras não estava no púlpito promovendo homens, transmitindo discursos políticos, ou desferindo ataques pessoais; ele expunha as Escrituras Sagradas. O púlpito não é lugar de outra coisa se não de exposição da Bíblia. Quando a Bíblia é exposta ao povo, nunca faltará alimento e edificação espiritual. Não livros seculares ou de teologia, não filosofia ou citações vazias, o púlpito é o móvel da Bíblia, e somente da Bíblia. Se exortamos, exortemos com a Bíblia, se ilustramos, ilustremos à luz da Bíblia. Não se justifique do púlpito, não desabafe do púlpito, não se glorie no púlpito. Do púlpito pregue a Bíblia, do púlpito ensine a Bíblia. Na Igreja de Deus em Cristo nenhuma outra coisa serve como base dos discursos senão a Bíblia Sagrada.  

3-    O PÚLPITO É LUGAR DE REVERÊNCIA À PALAVRA DE DEUS
...e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé.” (v. 5b)
Em muitas igrejas parece haver um total desrespeito para com a palavra de Deus, com músicos e cantores se retirando do templo na hora da pregação, além de uma indiferença gritante do povo, com conversas paralelas e outras manifestações de irreverência para com o Livro de Deus. Na Igreja de Deus em Cristo, a palavra de Deus é reverenciada em três momentos distintos: na leitura devocional, quando toda a movimentação é detida pelos diáconos e recepcionistas; na mensagem de inspiração, quando por dez ou doze minutos todos são envolvidos pela primeira exposição bíblica do culto; e durante a pregação oficial com no mínimo uma hora de mensagem em que todos estão atentos ao que Deus fala. E assim como o povo nos dias de Neemias, os crentes COGIC ficam por vezes em pés durante o sermão reverenciando as boas palavras que fazem arder seu coração (Salmo 45:1a)

4-    O PÚLPITO É LUGAR DE MINISTROS ADORADORES
E Esdras louvou o Senhor, o grande Deus...” (v. 6a)
Poucas coisas são tão deprimentes como ver a performance apagada de um ministro que prega o canta sem entusiasmo e sem o fogo pentecostal. Na verdade o espírito do obreiro que ministra o povo deve estar repleto de adoração em seu íntimo, e essa adoração deve extravasar em uma conduta de visível veemência, a final, essa é a marca do pentecostalismo. Seria redundante falar da postura de adoração de cada ministro da Igreja de Deus em Cristo, que sabem que seu ministério é “tridirecional”, ou seja, eles ministram a Deus, aos irmãos, e aos descrentes, com um fervor alucinante e poderoso.

5-    O PÚLPITO É LUGAR DE ONDE SE ESPERA RESPOSTA DO POVO
...e todo o povo respondeu: Amém! Amém!, levantando as mãos; e inclinaram-se e adoraram o Senhor, com o rosto em terra.” (v. 6b)
Sem dúvida, essa resposta entusiasta do povo de Israel não tem implicações meramente culturais, elas nos servem como um padrão para todas as épocas e igrejas cristãs. O povo deve responder à ministração ungida que vem do púlpito com seus “améns”, “glórias”, além de suas mãos levantadas em sinal de adoração a Deus e rendição ao seu senhorio. Esta é uma das características mais marcantes do povo COGIC, nenhum pregador ou cantor fica só no púlpito, sem apoio e resposta imediata, na verdade, o povo canta com o cantor e prega com o pregador, e isso normalmente redunda em quebrantamento e muita adoração, como expressão e fervor.

6-    O PÚLPITO É LUGAR DE REVELAÇÃO
E leram o livro, na lei de Deus, e declarando e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse.” (v. 8)
A clareza é um atributo de suma importância na pregação do evangelho ou em qualquer exposição da doutrina cristã. O ministro deve pela inspiração do Espírito Santo esclarecer o texto sagrado levando o povo à compreensão e mudança de conduta. Não se pode ler um texto e explanar outro pensamento, o texto bíblico é a base para o desenvolvimento da mensagem de Deus ao povo. A COGIC, como denominação pentecostal clássica, prima pela exposição bíblica das Escrituras sob total dependência do Espírito Santo para trazer revelação à Igreja. 

7-    O PÚLPITO É LUGAR DE CHAMADA AO ARREPENDIMENTO
...Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei.” (v. 9c)
Nós da COGIC Missão da Fé Apostólica temos vivido um tempo de grande quebrantamento espiritual, nossa alegria é a verdadeira alegria da salvação que provém da tristeza pelo pecado e arrependimento. A origem desse mover? Um púlpito inflamado pela mensagem da santidade e do arrependimento, nos velhos moldes dos reavivamentos do início do século XX nos Estados Unidos.
         O púlpito da Igreja de Deus em Cristo, a maior e mais antiga denominação pentecostal do mundo, é um púlpito marcado pela unção apostólica e profética. Glória a Deus para sempre.  

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O ESPÍRITO DA GRÉCIA




Não é novidade para ninguém que a cultura mundial foi amplamente influenciada pelo helenismo, pelo hedonismo e pelos filósofos gregos. A mente humana que deveria estar permeada pela revelação de Deus, está constantemente cheia de interrogações e indagações. A fé tem sido substituída pelos “por quês”, a revelação pelo racionalismo e o sobrenatural pela lógica. A verdadeira espiritualidade no coração de milhões está congelada pelos conceitos humanistas e filosóficos acerca de Deus.
Este ceticismo global tem uma raiz e fonte, um espírito (cultura/motivação) contaminou o pensamento humano milênios atrás, em especial o mundo ocidental, o “espírito da Grécia”. A Grécia é o berço da filosofia mundial, a pátria de Aristóteles, Platão, Sócrates e outros. No ventre e nas coxas da estátua vista no sonho profético de Nabucodonozor (Daniel 2:31-35), Deus revelou ao déspota governante babilônico que um reino se estabeleceria após o seu e após os medos e persas, o império grego, sob a liderança histórica de Alexandre Magno. Este jovem rei visionário e conquistador que dominou praticamente todo o mundo então conhecido com exércitos relativamente inferiores numericamente. A influência grega contaminou o mundo com o ceticismo e a libertinagem sexual. Este espírito oriundo da Grécia, para nossa tristeza, contaminou a teologia, de forma que muitos seminários, institutos e salas de aula dos núcleos teológicos, deixaram de ser “centros de revelação bíblica” para se tornarem meros “centros de cultura bíblica”. Os teólogos modernos têm sido influenciados pelas supostas “descobertas” dos arqueólogos, que, em sua maioria são ateus ou céticos, porém, suas pesquisas parecem ter alta credibilidade entre o meio científico cristão. Esta é explicação para o fato de ouvirmos declarações tão berrantes e abomináveis por parte de professores cristãos, na tentativa de “desmitificarem” os milagres bíblicos e refutarem a existência de personagens bíblicos. Por exemplo, como pode um “mestre” cristão ousar refutar a existência literal de Jó como sendo um homem se o próprio Deus disse: “ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó...” (Ezequiel 14:14). É o espírito da Grécia que instiga os homens a buscarem explicações para a milagrosa abertura do mar vermelho, para a queda sobrenatural das muralhas de Jericó e outros eventos maravilhosos promovidos pela onipotência de Deus. O apóstolo Paulo que conhecia muito bem a cultura helenista e os ardis satânicos da ciência, que já despontava naquele tempo, alertou o jovem pastor Timóteo: “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência.” (1ª Timóteo 6:20) Esta que hoje tem se auto proclamado como “ciência” na verdade está tentando usurpar a verdadeira ciência corrompendo-a, e na verdade, alguns destes usurpadores da ciência, são “doutores das coisas divinas”. O Mestre Jesus, que é dono de toda a ciência, disse aos usurpadores: “Ai de vós, doutores da lei, que tirastes a chave da ciência! Vós mesmos não entrastes e impedistes os que entravam.” (Lucas 11:52). Este é o tempo terminal da Igreja na terra, é o tempo de sonhos, visões e sinais (Joel 2:28-29), isto não está baseado em lógica, razão ou intelectualidade, mas sim em ciência divina e revelação da Palavra de Deus. Este é o tempo em que Deus levantará o seu exército de “filhos de Sião” para se opor as doutrinas humanistas dos “filhos da Grécia”. “...suscitarei a teus filhos, ó Sião, contra os teus filhos, ó Grécia!...” (Zacarias 9:13).