segunda-feira, 31 de outubro de 2011

ORIGEM BÍBLICA DA PREGAÇÃO PENTECOSTAL



Embora o advento da “dispensação do pentecostes” seja neotestamentário, o protótipo da pregação pentecostal já se evidenciava no ministério de alguns profetas da Antiga Aliança, faremos menção de quatro: (1)Jeremias, (2)Ezequiel, (3)Elias e (4)João Batista.
Jeremias, o profeta, teve profunda e significante influência na história da nação de Israel, mesmo com seu temperamento melancólico, sua personalidade era extremamente forte e sua conduta e postura diante da palavra de Deus era a mais séria possível. Jeremias era oriundo da cidade de Anatote em Jerusalém, e seu pai Ilquias era sacerdote, assim, Jeremias fora criado e educado sob forte influência religiosa e espiritual, aliás, Jeremias por ser de linhagem sacerdotal, deveria ter seguido legalmente este ofício, mas Deus tinha para ele outros planos mais elevados. Realmente parece paradoxal apresentar Jeremias como “protótipo” de pregador pentecostal, dada a sua retração e timidez, mas este é um exemplo clássico de que o ímpeto e a veemência da pregação pentecostal não são atributos exclusivos dos coléricos e sangüíneos. Assim como muitos servos de Deus que não possuem eloqüência natural, Jeremias sentia-se incapaz de pregar a poderosa e dura mensagem de Jeová (Jr 1:6), mas essa crise na auto-estima já não era novidade na história dos grandes ícones proféticos de Israel (Êx 4:10-12).
As profundas experiências carismáticas de Ezequiel legaram a ele um lugar de destaque na galeria dos grandes profetas de Israel. Não se pode negar que Ezequiel fora um poderoso pregador da palavra de Deus, aliás, por quarenta e nove vezes em seu livro aparece a frase: “Veio a mim a palavra do Senhor”. A vocação “pentecostal” de Ezequiel é evidenciada quando ele relata pela primeira vez: “Então, entrou em mim o Espírito, quando falava comigo, e me pôs em pé, e ouvi o que me falava.” (Ez 2:2) Note que o Espírito Santo (1)entrou nele, (2)levantou-o, e (3) o fez ouvir a palavra de Deus. São experiências tipicamente pentecostais.
Não podemos deixar de fora dessa lista preliminar o profeta do fogo, Elias. Seu idealismo e sua veemência colocaram Elias no mesmo patamar de importância de Moisés, Elias é popularmente conhecido como o “profeta do fogo”, em seu sermão no monte Carmelo (I Rs 18:21-24) encontramos elementos predominantemente pentecostais: 1- Uma mensagem que confronta a indecisão (v. 21); 2- Uma mensagem que expõe o sacrifício expiatório (v. 23a); 3- Uma mensagem que promove o fogo divino (v. 23b); 4- Uma mensagem que desafia a fé e a conduta do povo (v. 24).
Embora a narrativa de sua vida e ministério esteja em o Novo Testamento, João Batista foi o último profeta do Antigo Testamento, aliás, no A.T. existem menções proféticas apontando para ele como “anjo” (Ml 3:1) e “voz do que clama no deserto” (Is 40:3). João Batista foi aquele que preparou o caminho do Senhor; na antiguidade quando os grandes reis conquistadores vinham estabelecer seu governo sobre uma nação havia um atalaia, que coordenava o aplainamento das estradas por onde passaria o rei. João Batista preparou o caminho para a manifestação do Rei dos reis, Jesus, o Cristo. Note as credenciais pentecostais de João Batista:

(1) Era um pregador...apareceu João Batista pregando...” (Mt 3:1).
Profetas são invariavelmente pregadores da palavra de Deus, porém no quesito pregação João era especialmente dotado de veemência e autoridade, Jesus chegou a compará-lo com uma cana agitada pelo vento (Mt 11:7).

(2) Não era ostentador...veste de pêlos de camelo e um cinto de couro...e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre.” (Mt 3:4)
A origem dos ministros pentecostais sempre esteve ligada à simplicidade, seja na conduta, seja na mensagem. A teologia da prosperidade é um ramo estragado do pentecostalismo norte-americano que impregnou a cristandade evangélica. O verdadeiro pregador pentecostal não é adepto da pobreza, mas também não ostenta riqueza indevida como muitos tele-evangelistas e “mega-pregadores” da atualidade.

(3) Sua abordagem era versátilE assim admoestando-os, muitas outras coisas também anunciava ao povo.” (Lc 3:18)
Temos assistido um tempo de ministérios restringidos por “estilos e tópicos”, há pregadores somente de cura, ou somente de prosperidade, ou somente de família, ou só de libertação. Embora a mensagem pentecostal possua distintivos bíblicos muito claros (como veremos mais à frente), a marca do pregador pentecostal é a versatilidade de sua mensagem, sempre apontando para a Pessoa de Jesus Cristo e conclamando para o despertamento pessoal. O pregador pentecostal não escolhe temas segundo o seu coração, ele prega o que está no coração de Deus.

(4) Era um poderoso exortador...arrependei-vos...” (Mt 3:2; 7:9)
Desde seus primórdios a mensagem pentecostal caracterizou-se por seu cunho exortativo, pregadores pentecostais não oferecem bênçãos divinas sem fornecer os critérios divinos. O pregador pentecostal não se importa em fazer as pessoas se sentirem bem consigo mesmas, ao contrário, procura levar as pessoas à introspecção de seu estado pecaminoso e ao arrependimento. As palavras da mensagem pentecostal devem ser como setas incandescentes na consciência fria e cauterizada dos homens.

(5) Sua mensagem possuía o elemento escatológico...toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.” (Mt 3:10)
Um dos aspectos mais peculiares da mensagem pentecostal é a insistência em preparar as pessoas para a eternidade seja por ocasião da morte ou do arrebatamento da Igreja. O pregador pentecostal não deve omitir em época nenhuma em seu ministério a pregação sobre as últimas coisas, os últimos dias, o princípio de dores, o rapto da Igreja, a Grande Tribulação, o Retorno de Cristo, o Juízo...

(6) Pregava o batismo no Espírito Santo...mas aquele que vem após mim, é mais poderoso do que eu; eu não sou digno de levar as suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.” (Mt 3:11)
Por fim, obviamente o pregador pentecostal tem como cerne de sua mensagem e ministério a Pessoa do Espírito Santo, seu caráter, seu poder, seu papel e suas operações. O pregador pentecostal não pode passar muito tempo sem falar de uma das dádivas mais maravilhosas de Jesus Cristo em nós, o batismo no Espírito Santo. Pela omissão dessa mensagem por parte de muitos ministros, há um contingente considerável de pentecostais nominais nas igrejas, ou seja, que pertencem a uma denominação pentecostal, mas sequer sabem algo sobre esse batismo. A pregação pentecostal deve ser completa, e o pregador pentecostal não pode desviar seu foco para os apelos teológicos de nosso tempo.
Ainda falando da origem bíblica da pregação pentecostal, porque não citar um personagem já do Novo Testamento, que embora não tivesse recebido a experiência pentecostal propriamente dita, possuía as marcas de um típico pregador pentecostal, estou me referindo à Apólo. Vejamos sete características: “E chegou a Éfeso um certo judeu chamado Apólo, natural de Alexandria, varão eloqüente e poderoso nas Escrituras. Este era instruído no caminho do Senhor; e, fervoroso de espírito, falava e ensinava diligentemente as coisas do Senhor, conhecendo somente o batismo de João. Ele começou a falar ousadamente...” (At 18:24-26a).

(1) Natural de Alexandria.
Sendo cidadão de Alexandria, Apólo certamente tinha acesso e familiaridade com a literatura de sua época, afinal, em Alexandria estava a maior biblioteca de sua época. É imprescindível que um pregador seja dado à leitura, aliás, os primeiros pregadores “leigos” de John Wesley eram constantemente exortados por ele a ler muitos e bons livros ou abandonar seu ministério.

(2) Eloqüente.
Poucas coisas são tão “magnéticas” quanto um discurso feito com eloqüência. Há quem diga que a eloqüência é um dom natural restrito a poucos, porém, tenho visto inúmeros casos de pessoas absolutamente introvertidas e tímidas, após serem tocadas pelo poder do Espírito Santo, se tornarem eloqüentes pregadores; essa é a minha experiência pessoal, um ex-gago, agora pregador. 

(3) Poderoso nas Escrituras.
Não é impossível vermos bons pregadores com pouco conhecimento bíblico, mas os mesmos estão destituídos do poder mais criativo e impactante do universo, o poder da Palavra de Deus. A palavra de Deus põe o Espírito Santo em movimento (Gn 1:1-3), a palavra de Deus é a única coisa que está acima do próprio Deus (Sl 138:2b-VRC). O advento do pentecostalismo trouxe à luz a revelação bíblica sobre o poder de Deus, e este poder está ligado às Escrituras. “...Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.” (Mt 22:29). Ninguém pode se dizer poderoso só no Espírito, pois a Palavra é Espírito (Jo 6:63). O poder da pregação está nas Escrituras, do contrário, pregaríamos textos do Corão e veríamos os sinais, mas o Senhor Jesus não confirmará outra coisa senão sua palavra. “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém!” (Mc 16:20).  

(4) Instruído no caminho do Senhor.
Lamentavelmente estamos vivenciando os tempos de apostasia vaticinados pelo apóstolo Paulo (I Tm 4:2) e o verdadeiro caminho do Senhor tem sido substituído nas pregações modernas, por caminhos alternativos de “baixo custo”. Como pregadores do evangelho, devemos conhecer o caminho do Senhor proposto especialmente no sermão do Monte (Mt 5-7), e conduzirmos as pessoas nesse caminho, e não nas fórmulas dogmáticas de uma religião institucionalizada. O pregador pentecostal é o pregador do fim, e sua mensagem é a pregação do Reino (Mt 24:14).

(5) Fervoroso de espírito.
Poucas coisas são tão deprimentes quanto um pregador apático ou frio. Seria redundante dizer que o fervor espiritual deve ser a marca de cada crente pentecostal, especialmente a pregação. É preciso estar inflamado pela verdade do evangelho, inflamado pela causa do Reino, inflamado pelo amor de Deus. A palavra “fervoroso” aqui é zeo (grego) e significa “zelo ardente” ou “emoção” Nosso culto é racional (Rm 12:1), mas deve conter emoção. A pregação da palavra é um ministério, ou serviço, assim, “não sejais vagarosos no cuidado, sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor.” (Rm 12:11).

(6) Falava e ensinava diligentemente as coisas do Senhor.
Já tive o desprazer de ouvir pregações e ensinos tão destituídos de graça e de conteúdo espiritual, que as ilustrações e tópicos eram extraídos de tudo, desde jogos de matérias de jornal, futebol, filmes, e até novelas; não havia poder, não havia realidade, somente informação e cultura. Já ouvi também mensagens sobre sexo, e sei que muitas pessoas gostam disso, mas eu lhes pergunto: sexo diz respeito às coisas do Senhor ou as nossas coisas? O pregador pentecostal deve ser havido em ensinar as coisas do Senhor com toda dedicação e insistência, a preocupação excessiva em variar a mensagem pode ser danosa. “...Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós.” (Fl 3:1).

(7) Começou a falar ousadamente.
O Espírito de Deus capacita sobrenaturalmente o homem à falar a palavra de Deus, sem exitação, sem timidez, e o pregador pentecostal é especialmente dotado de ousadia divina na exposição do evangelho. Devemos lembrar sempre as palavras de Jesus: “Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso pai é que fala em vós.” (Mt 10:20). A palavra “ousadia” é parrhesia (grego) e significa “elocução sem reservas”, “liberdade de expressão”, “com franqueza”, “coragem alegre”. O pregador pentecostal deve sempre se renovar espiritualmente através da oração, e em sua oração deve estar essa petição: “...concede aos teus servos que falem com toda ousadia a tua palavra...” (At 4:29-30)

Passos Fundamentais para receber o Batismo no Espírito Santo



         Para receber esta benção são necessários alguns passos fundamentais, note que eu não disse estratégias, e muito menos métodos, os seguintes “passos” são princípios espirituais bíblicos:

         1º Passo: É preciso nascer de novo. Aliás, este é o único critério legal para estarmos aptos ao Batismo no Espírito Santo. Para ser cheio do Espírito, a pessoa deve ser primeiramente habitada pelo Espírito Santo e pertencer ao Senhor Jesus. (At 2:38; Rm 8:9)

         2º Passo: Precisamos pedir. Não podemos receber nada de Deus se não ansiarmos profundamente. Jesus foi objetivo em dizer que se alguém pedir o Espírito Santo, seu pedido será atendido sem exceção. (Lc 11:8)

         3º Passo: É necessário se entregar. É exatamente isso que o apóstolo Paulo quis dizer quando admoestou: “apresenteis o vosso corpo como sacrifício vivo.” (Rm 12:1) Este é o paradoxo daqueles que durante o culto ao Senhor parecem “múmias”, e não se apresentam para cultuar de verdade.

         4º Passo: É preciso crer. Não foi em vão que Paulo questionou os gálatas: “Recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé?” (Gl 3:2). O contexto da pergunta por si só já revela, claro que recebemos o Espírito pela pregação da fé, pois nada de bom que fizermos nos fará merecedores de tal dádiva, é um dom de Deus, fruto da sublime graça. Pergunta semelhante Paulo fez aos crentes da cidade de Éfeso (At 19:2).

         5º Passo: Conhecer a disponibilidade da dádiva. Deus concedeu esse batismo “pentecostal” no dia de Pentecostes, e desde então, esta dádiva está disponível a todo aquele que for salvo e crer (Mc 16:17). Basta apenas receber (At 2:4). Aleluia!

         6º Passo: Tenha certeza de que um dos meios infalíveis para se receber o batismo no Espírito Santo, é a imposição das mãos de ministros devidamente ungidos (At 8:18-20). Portanto, ao receber a imposição de mãos, e sentir a virtude do Espírito em seu ser, simplesmente fale em novas línguas.

         7º Passo: Saiba o que esperar. O Espírito Santo operará e seus órgãos vocais, sim Ele certamente capacitará seu aparelho fonador, seus lábios, sua língua, e produzirá em você palavras sobrenaturais, mas é você quem deve “por o som em ação” e pronunciá-lo abertamente. O Espírito Santo nos concede que falemos, mas é o homem quem põe em prática este falar. “Todos[ELES] foram cheios do Espírito Santo, E COMEÇARAM A FALAR em outras línguas, conforme O ESPÍRITO LHES CONCEDIA QUE FALASSEM.” “Eles” é o sujeito oculto da frase. Foram eles que falaram. O Espírito Santo apenas concedeu, e concedeu de uma vez por todas. O Pentecostes é uma promessa já cumprida na Igreja. (Jl2:28; At 2:16-18)

         8º Passo: Entenda que é impossível receber algo falsificado, ao contrário do que dizem alguns “mestres” astutos e invejosos. Afinal de contas, se você pedir pão não receberá pedra, se pedir peixe não receberá uma serpente e se pedir um ovo não receberá um escorpião. Assim, se pedir o Espírito Santo, Deus não irá lhe negar este pedido e muito menos lhe dará ou permitirá receber uma experiência falsa. (Lc11:11-13). Creia, apenas creia! Louvado seja Deus!

         9º Passo: Procure abrir a boca. Isto pode ser um ato de fé determinante, pois calado, o candidato ao batismo não poderá estar sensível e aberto à atmosfera de louvor e adoração que é indispensável para a manifestação da presença de Deus. Quando Jesus disse: “Venha a mim e beba”, Ele se referia ao Espírito Santo (Jo7:37). Ninguém pode beber com a boca fechada, é necessária uma adoração sincera, quebrantada e audível, pelo menos no que diz respeito ao culto, pois, conheço casos de pessoas que receberam o dom durante o sono, à noite.

         10º Passo: Não existem fórmulas mágicas ou técnicas, do contrário não seria mais um dom sobrenatural. “Agarre-se firme!”, “solte tudo!”, “diga glória a Deus até a língua enrolar!”, “respire fundo!”. Nada disso é bíblico, e o batismo pentecostal é uma experiência bíblica, e que provém do céu.

         Em fim, esta experiência é algo sobrenatural e infalível. Não está escrito em parte alguma no Novo Testamento que o Espírito Santo fala em línguas. Sempre cabe ao indivíduo a parte de falar, mas o precioso Espírito Santo nos concede a capacidade e a autoridade de falar.
         Algumas pessoas dizem: “Tenho medo de receber isso na carne.” Você não poderá recebê-lo de nenhuma outra maneira, falar em línguas trata-se de homens e mulheres na carne, adorando a Deus em Espírito. Deus disse: “Derramarei o meu Espírito sobre toda a CARNE.” (Jl 2:28). A carne aqui não é a natureza caída e pecaminosa do homem, e sim a sua parte material, seu corpo físico. O Espírito Santo não virá sobre um espírito desencarnado, e sim sobre um ser em carne (Rm 9:5).
         Para recebermos esta dádiva devemos nos basear em argumentos e termos bíblicos, não em expressões fabricadas pelo homem como: “Cuidado para não receber o dom na carne!” Isto é anti-bíblico e ridículo. Não existe substituto para o Espírito Santo, o que não é pedra, é pão (Lc 11:11-13).

A Glossolália nos Períodos Pós-apostólicos



         São raros os registros históricos de glossolalia (línguas estranhas) antes do século XIX. Isto se deve ao fato de que os historiadores, em sua totalidade cessacionistas (os que acreditam que as manifestações carismáticas foram restritas ao 1º século da Igreja), omitiam de suas obras as evidências reais de profecias e línguas estranhas, que eram descritas por eles como “excentricidades passageiras de crentes imaturos”.
         Outro motivo é que os casos de glossolalia foram muito raros após o terceiro século até o período da Reforma Protestante, já que o advento da Igreja Católica Romana, com seus dogmas heréticos, lançou a cristandade em uma era de densas trevas espirituais.
         A glossolalia somente voltou a ganhar registros significativos, quando os ventos do Espírito voltaram a soprar com grande ímpeto à partir dos séculos XVIII e XIX.
         Até o terceiro século, além dos registros da Bíblia Sagrada, temos apenas seis registros dignos de crédito, os quais trataremos à seguir.

         Um certo reverendo Frederic William Farrar (1831-1903), que era historiador e Deão da Catedral de Canterbury, na Inglaterra, pesquisando os registros históricos da Igreja Primitiva, descobriu a visita secreta de um príncipe britânico da Coorte Romana a uma reunião entre os cristãos, na qual em um dado momento, segundo ele, “línguas estranhas foram ouvidas”. E ele continua relatando assim: “As palavras que pronunciavam eram elevadas, solenes e cheias de significação misteriosa. Não falavam a sua própria língua, mas pareciam que falavam toda qualidade de idiomas, embora não se pudesse dizer se pudesse dizer se hebraico, grego, latim ou persa. Isso se deu com uns e outros, segundo o impulso poderoso que operava na ocasião”.

         Outro registro ocorreu no segundo século, através de um movimento espiritual liderado por um homem chamado Montano (Montanismo). Este movimento surgiu na Turquia visando um reavivamento na Igreja, que estava esfriando a ponto de extinguir os dons espirituais tão comuns no primeiro século. O mais conhecido adepto do Montanismo foi Tertuliano, um dos pais da Igreja.
         O fundador Montano não possuía nenhum cargo eclesiástico. Juntamente com três mulheres da alta sociedade, andavam pelas cidades pregando a santificação e a preparação para a segunda vinda de Cristo. Manifestavam-se línguas estranhas, interpretação de línguas, revelações e profecias. Nas profecias, o Senhor falava através das mulheres na primeira pessoa: “Eu, o Senhor...
         O bispado da Ásia Menor, em concílio, condenou o Montanismo em meados de 160 dC, não exatamente pelas línguas estranhas, mas pelo poder de mobilização do dom de profecia que vaticinava contra a frieza espiritual e o formalismo da liderança eclesiástica.
         Após a morte de um de seus mais proeminentes líderes, Tertuliano, a falta de respaldo bíblico nas doutrinas dos montanistas fez com que os avivalistas caíssem em exageros e algumas heresias, culminando com o fim do movimento.
        
         Por incrível que pareça, o terceiro registro provém de um anticristão chamado Celso, um filósofo pagão que repudiava ardentemente os cristãos. Este relatou em um de seus discursos no segundo século (176 dC) que os seguidores de Cristo falavam em línguas estranhas. E ele continua e afirma que os cristãos são “estranhos” e “fanáticos”, e que em suas reuniões “falavam palavras ininteligíveis para as quais uma pessoa racional não consegue encontrar significado”. Ele dizia: “São línguas muito obscuras”.
         Gostaria de observar com você o seguinte fato, mesmo sendo um ávido antagonista ao cristianismo, o filósofo Celso sabia que aquelas línguas não eram meramente um fenômeno natural.

         Outra citação refere-se à Igreja pastoreada (na França) por Irineu, um dos pais da Igreja. Na Igreja do bispo Irineu os dons espirituais estavam em plena atividade. Irineu relata assim: “Temos em nossas igrejas irmãos que possuem dons proféticos e, pelo Espírito Santo falam toda classe de idiomas”.

         Chegamos ao quarto século, o advento da igreja católica romana, que “congelou” o movimento do Espírito Santo que havia na Igreja original (a Primitiva). Eu, como ministro pentecostal, não gostaria de vivido naquela época de cultos frios ao invés de cultos dinâmicos e avivados, e no lugar de ministros “labaredas de fogo”, ministros “iceberg”.
         Porém, ainda assim, há registros de manifestações carismáticas no quarto século. O fundador do primeiro mosteiro, Pacômio, falava em grego e latim sem nunca ter estudado estas línguas, e isto é um fato sobrenatural, dado a dificuldade de ambas.

Também no quarto século, Agostinho, bispo de Hipona, afirma: “Faremos o que os apóstolos fizeram quando impuseram as mãos sobre os samaritanos, pedindo que o Espírito Santo caísse sobre eles: esperamos que os convertidos falem em novas línguas”.

         Após o quarto século cessaram os casos de glossolalia e a manifestação dos dons espirituais, que somente voltaram a tona à partir da Reforma Protestante em 31 de Outubro de 1517 com o “lendário” Martinho Lutero, que segundo historiadores, falava em línguas estranhas, além de manifestar os demais oito dons espirituais.
         Finalmente, após muitos reavivamentos históricos, surge no começo do século XX, em uma ruazinha sem expressão de Los Angeles chamada Azuza Street, o mover do Espírito Santo mais forte, bíblico e duradouro de que se tem notícia, o Movimento Pentecostal.
         A enciclopédia Britânica declara que a glossolalia reaparece nos avivamentos cristãos de todas as épocas. No diário de Thomas Walsh, um dos primeiros pregadores de John Wesley, oito de Março de 1759, encontra-se este registro: “Esta manhã, o Senhor deu-me uma língua que eu não conhecia, elevando a ele a minha alma de uma maneira maravilhosa.”
         John Wesley, evangelista inglês do século XVIII e pai do Metodismo relata: “Cerca das três horas da manhã, enquanto nos encontrávamos em oração fervente, o poder de Deus veio poderosamente sobre nós, de tal maneira que, muitos caíram para o chão... e irrompemos numa voz: Nós te louvamos ó Deus, nós reconhecemos que tu és Senhor!”
         Dwigth L. Moody, evangelista e professor americano do século XIX relata: “Pedi-lhes (aos amigos reunidos) para virem falar comigo, e ali derramaram seus corações em oração pára que eu recebesse a plenitude do Espírito Santo. Veio uma grande fome a minha alma. Não sabia o que era e comecei a clamar como nunca antes havia feito. Sentia que não tivesse este poder não queria viver, nem podia continuar o meu trabalho... só posso dizer que o Senhor se revelou a mim, e tive uma experiência tal do seu amor, que por fim tive que pedir-lhe que tirasse de mim a Sua mão”.
         Você deve estar dizendo: “Mas nestes dois últimos relatos de Wesley e Moody não se menciona línguas estranhas”. Sim, é verdade, e talvez esta seja a experiência constante em sua busca por Deus, um sempre “quase batizado no Espírito Santo”. Tente imaginar as experiências de Wesley e Moody, certamente eles sentiram as línguas espirituais fluindo em seu interior, mas nas ocasiões relatadas, não as verbalizaram. Você tem sentido a virtude do Espírito por vezes percorrer todo o seu corpo como uma maravilhosa corrente elétrica? Isto significa que Ele está te enchendo e te concedendo que fale em novas línguas criadas em seu espírito, cabe a você falar (Atos 2:4). Fale!

A EXPERIÊNCIA GLOSSOLÁLICA DE PAULO



E Ananias foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmãos Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo...
Atos 8:18a

         O objetivo da imposição das mãos de Ananias em Saulo era que ele fosse cheio do Espírito Santo.
         Lucas não relata nenhuma manifestação da glossolalia (LÍNGUAS) neste episódio. É certo, no entanto, que o apóstolo Paulo, depois da experiência na casa do irmão Judas, na Rua Direita, Paulo falava em línguas regularmente e freqüentemente desde então. “Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos.” (1ª Co 14:18). Se muitos teólogos tradicionais e céticos consideram as línguas inúteis, então porque o sábio e espiritual apóstolo Paulo era tão grato a Deus por esta preciosa dádiva. Acerca disso falaremos mais adiante.
         No livro de Atos dos Apóstolos a experiência de falar em línguas somente ocorre no momento do recebimento do Batismo no Espírito Santo, pois as línguas são a evidência marcante do mesmo. Parece, portanto, perfeitamente lógico que no exato instante da imposição de mãos do discípulo Ananias, Paulo foi batizado no Espírito Santo com a evidência do falar em línguas.
         Paulo desfrutava de uma singular comunhão com o Espírito Santo através da oração, especialmente da oração em línguas. Tal comunhão estava refletida em seu profundo anelo por ver a Igreja desfrutando desta intimidade com o Deus Trino, de sorte que Paulo ministrando a benção apostólica aos crentes da Igreja em Corinto expressou: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos. Amém!” (2ª Co 13:13). A sublime graça de Jesus Cristo já se manifestou em seu ministério aos homens, Deus Pai já revelou a grandeza de seu inexplicável amor ao enviar seu único Filho para morrer por nós, mas a comunhão do Espírito Santo se manifesta hoje para a Igreja, na dispensação da graça, para que todo filho de Deus possa gozar de estreita e íntima comunhão com a Divindade por sua terceira maravilhosa Pessoa. Paulo queria que a comunhão do Espírito Santo fosse uma realidade plena e constante para os crentes, pois ele mesmo desfrutava desta dádiva graciosa.
         Preste muita atenção! O segredo da intimidade de Paulo com o Senhor era justamente sua vida singular de oração, que incluía longos períodos de oração em línguas. Além disso, através da oração em línguas Paulo recebeu as mais profundas revelações doutrinárias que o nutriram espiritualmente para escrever suas treze cartas e desvincular a fé cristã do judaísmo ortodoxo. Aliás, todo conhecimento espiritual de Paulo não teve nenhuma espécie origem acadêmica; ele mesmo considerou todo seu conhecimento intelectual e religioso como esterco (Fl 3:8); sua ciência espiritual também não foi adquirida através de ensinos de homens, mas por revelação direta de Jesus Cristo (Gl 1:11-12).
         Os escritos doutrinários de Paulo são notoriamente caracterizados por sua compreensão de mistérios espirituais que somente poderiam ser absorvidos por meios divinos, o próprio Paulo escreveu acerca disso: “pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual, noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como, agora, tem sido revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas.” (Ef 3:4-5).
         A principal característica espiritual de Paulo era sua profunda compreensão e conhecimento dos tempos, os escritos paulinos revelam que ele não estava deslocado no tempo, tanto em relação à sua própria vida e ministério, quanto à dispensação dos tempos da Igreja. O Espírito Santo revelou a Paulo o tempo oportuno que Deus escolhera para restaurar todas as coisas em Cristo.

descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra.
Efésios 1:9-10

         Paulo está aqui declarando que o mistério da vontade agora está revelado à Igreja de forma tão clara e cristalina, como jamais esteve, nem mesmo nos tempos de profetas como Moisés e Elias. Ele escreve que esta soberana vontade de Deus sempre foi preparar uma ocasião ideal para a manifestação do Filho Deus, no qual todas as coisas seriam congregadas. Este “tempo perfeito” ou “chronos pleroma” era bem conhecido por Paulo, que depois de uma veemente exortação aos romanos sobre amor, vigilância e pureza, alertou: “E isto digo, conhecendo o tempo...” (Rm13:11).
         Outro aspecto em que Paulo estava profundamente instruído e preparado era com relação à batalha espiritual e o papel da Igreja do Senhor na mesma, e a grande chave desta visão profética sobre o reino espiritual era justamente a oração no Espírito (em línguas): “orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito...” (Ef6:18).

domingo, 30 de outubro de 2011

A PREGAÇÃO NA IGREJA DE DEUS EM CRISTO



Salvas as exceções, todos nós temos uma concepção de cunho cultural sobre a pregação pentecostal histórica, ou seja, aquela prática de oratória marcada por um fervor e dinamismo característicos. O advento do neopentecostalismo parece ter “elitizado” a mentalidade homilética de nossa geração, reputando o pregadores barulhentos como retrógrados e emocionalistas.
Que imagens lhe vêm à mente quando ouve a frase pregação pentecostal? Eu ouço um som, como de um vento veemente e impetuoso, que enche todo o auditório. A eletricidade crepita no ar e desenvolve-se em um crescendo ascendente de fogo. Envia um tremor pelos braços e pernas daqueles que estão se equilibrando na ponta do assento, com as faces extasiadas pelas palavras inspiradas do pregador. O pregador? Ele está transpirando abundantemente pelo esforço de pregar, com os cabelos e a gravata em desalinho, o rosto alternadamente esbraseando-se e retorcendo-se, as palavras disparando da boca tão rápidas quando possíveis de serem pronunciadas. Há um fogo ardendo em seus olhos, um reflexo do fervor pentecostal encravado nele pelo Espírito Santo. As palavras do pregador são divinamente inspiradas, fáceis de entender, poderosas no contexto. Têm o poder de atirar uma flecha que atinge em cheio o coração do pecador até que este se dobre em agonia, clamando pelo perdão divino. Isso é pregação pentecostal. (texto de Ernest J. Moem).
O texto acima reflete muito bem o modelo clássico de pregador e pregação pentecostal, e cremos que as características desse modelo não podem ser substituídas pelo formalismo de “pregadores pentecostais” demasiadamente intelectualizados que trocaram os joelhos pelos diplomas. Extinguir este modelo de pregação em nome de uma contextualização temporal e cultural é literalmente apagar a chama do Espírito.

Há, porém, uma denominação pentecostal histórica (aliás, a 1ª denominação pentecostal do mundo) que conserva esta singularidade da pregação pentecostal clássica como era no início do século XX no Movimento Holiness e na Missão da Fé Apostólica; me refiro à COGIC (Church Of God In Christ) Igreja de Deus em Cristo, a Igreja da Santidade.
Um pregador típico da COGIC é a “criatura mais eletrizante” que existe. Estas são algumas características oratórias de um genuíno pregador COGIC:

·         SERMÃO ESPONTÂNEO E NÃO TÃO DEPENDENTE DE ESBOÇO
Isto não significa que o pregador COGIC não segue uma linha fundamental de raciocínio, ou que despreze a elaboração prévia de seu sermão, ele simplesmente é mais dependente do Espírito Santo do que de seu esboço (Mt 10:20).

·        VEEMÊNCIA PROFÉTICA NA APRESENTAÇÃO DE VERDADES ETERNAS
O vociferar vibrante da voz do pregador COGIC ocorre no ápice de exortações proféticas à audiência, isto está ligado à sua eloqüência quase poética que confronta a religiosidade e as motivações das pessoas.

·        SENSIBILIDADE À MANIFESTAÇÃO DA PALAVRA DE CIÊNCIA
Não é raro o pregador COGIC em algum momento de sua prédica ministrar em revelação situações particulares dos ouvintes, coletiva ou individualmente. Os dons do Espírito Santo fluem muito comumente.

·        MOVIMENTAÇÃO CORPORAL E FACIAL EXPRESSIVA COERENTE COM AS VERDADES
APRESENTADAS
O pregador COGIC tende a ser dramático em sua ministração, isso, porém, não como uma encenação vazia e hipócrita, mas como uma manifestação cultural de sua expressão da verdade, ou seja, ele prega assim porque ele é assim.

·        APELO AO ALTAR EM RESPOSTA À MENSAGEM APRESENTADA E ORAÇÃO DE FÉ
O pregador COGIC como um evangélico clássico, não despreza uma decisão e posicionamento do ouvinte diante da verdade exposta; ele não pregará sobre cura sem conclamar os enfermos para o altar, não pregará sobre libertação sem conclamar os oprimidos, não pregará sobre salvação e arrependimento sem conclamar os perdidos.

·        A MUSICALIDADE NA ORATÓRIA DOS PREGADORES DO PENTECOSTALISMO AFRO-AMERICANO (Ef 5:19)
Sendo uma igreja tradicionalmente pentecostal é muito comum encontrarmos na Igreja de Deus em Cristo pregadores que são de terceira ou até mesmo quarta geração na igreja, e, por sua vez, aprenderam e desenvolveram seu estilo de pregação, vendo seus pais e pastores desde criança pregarem uma mensagem viva e fervorosa.
Ainda no Avivamento da Rua Azusa era comum o Espírito Santo guiar o líder do culto para informar um irmão, segundos antes, que era ele quem devia trazer o sermão. O que depois do derramar do Espírito Santo, tornou-se em, além de atividade sagrada, um estilo de arte.
O fervor vem sem dúvidas, da vida do Espírito que fora derramada sobre o pregador, mas a melodia vem certamente da influência da escravidão, da musicalidade particular dos negros, o que se tornou um estilo não somente na Igreja de Deus em Cristo – apesar de ser uma das mais tradicionais desde seus dias pós avivamento – mas em muitas outras igrejas e denominações pentecostais norte-americanas, dentre elas algumas brancas.
A pregação na Igreja de Deus em Cristo é vista como a parte principal do culto, quando Deus fala. O pregador prepara seu sermão, mas já está claro desde o início da mensagem que o fim dela pode exigir o que a história chama de chamada-e-resposta nas igrejas de origem negra. O pregador não somente prega para o público, como o faz juntamente com ele. Ouvir palavras de apoio da congregação, tais como, “prega!”, “sim, sim”, “ajuda, Senhor”, dentre muitos outros, não são de se admirar.
Concernente à melodia, o pregador da Igreja de Deus em Cristo, muitas vezes até sem o devido conhecimento musical, trás uma bagagem cultural que de forma natural o leva a ser repetitivo em frases de efeito, construído sobre o hemistíquio (cada metade de um verso, separada pela cesura, normalmente associado a versos longos) sua rítmica de pregação, usando o que musicalmente se conhece como escala pentatônica, que é a base para grande parte dos estilos musicais de origem negra, como o blues e o gospel.  O pregador constrói sua mensagem com introdução, exemplos, interação com o público, e geralmente, uma conclusão com que chamam de whoop  (brado, grito, exclamação), que geralmente se faz acompanhar de melodias construídas com a escala pentatônica, acompanhado por um bom organista.

sábado, 29 de outubro de 2011

A IGREJA DE DEUS EM CRISTO E A SANTIFICAÇÃO



       INTRODUÇÃO
O fundamento histórico-teológico da doutrina da santidade e santificação da Igreja de Deus em Cristo remonta a experiência e os ensinos do pai do metodismo, John Wesley em meados do século XVIII. Wesley apresentou aos seus seguidores a “segunda benção”, a qual ele chamava de “santificação plena”, uma experiência de crise momentânea, que ele também denominou “amor perfeito” e “perfeição cristã”. Essa doutrina transcendeu o tempo e, mesmo sofrendo diversas modificações teológicas, teve seu cerne preservado por algumas importantes denominações, em especial a COGIC.

A-     ORIGENS HISTÓRICAS NO MOVIMENTO HOLINESS

Holiness (santidade) foi o nome dado a um “pré-movimento pentecostal” que exerceu grande influência na espiritualidade pentecostal como a conhecemos. E a principal marca dessa espiritualidade do século XIX foi a implantação dos acampamentos holiness, que tiveram origem em áreas remostas dos Estados Unidos, tendo início no condado de Logan em Kentucky. Esse movimento começou espontaneamente entre presbiterianos e metodistas, no ambiente rural da Igreja Presbiteriana de Cane Ridge. Pessoas vinham de longe para presenciar e experimentar os “exercícios”, como eram chamados. Milhares se convertiam e eram muitas vezes envolvidos em manifestações como “cair no poder”, “tremores”, “riso santo” e “dança do Espírito”. Mas a expectativa comum aos entusiastas era a experiência da santificação. Estas manifestações e a doutrina foram incorporados na Missão da Fé Apostólica da Rua Azuza, com plena aprovação e endosso de Seynour. Na Rua Azuza além da mensagem do batismo no Espírito Santo com a evidência do falar em outras línguas e da ativação dos dons do Espírito, a pregação era enfática acerca da santidade e da santificação, mensagem que viria a ser a tônica da pregação pioneira do Elder Charles Harrison Mason.

B-      SANTIFICAÇÃO NA MISSÃO DA FÉ APOSTÓLICA

Através dos anos os pentecostais têm sido identificados por vários nomes. Embora muitas das igrejas pentecostais dos Estados Unidos fossem conhecidas como “igrejas holiness”, o primeiro grupo estritamente pentecostal utilizava variações do nome Fé Apostólica. Esse foi, por exemplo, o nome escolhido por Charles Fox Parhan para seu pequeno grupo em Topeka, por ocasião da descida de Pentecoste em 1901. Seu principal discípulo, William Seymour adotou o mesmo nome para a Missão da Rua Azuza: Missão Evangélica da Fé Apostólica. E a característica comum a estas denominações era praticamente a mesma dos acampamentos holiness, com ênfase na mensagem da santificação. A idéia de “Fé Apostólica” aponta para a doutrina da restauração dos carismas (dons) anatematizados pelo cessacionista Agostinho de Hipona que declarou: “Por que, pergunto, não ocorrem mais milagres em nossos dias, como acontecia nos tempos antigos? Respondo que eles eram necessários na época, antes que o mundo viesse a crer, para que o mundo fosse convencido.” No rigor da teoria agostiniana contra os excessos do Montanismo, Agostinho chegou a atribuir toda manifestação carismática do período pós-apostólico a demônios; a outra crença fundamental da Fé Apostólica, era na doutrina completa dos apóstolos que culminava com a imitação de Cristo como padrão elevadíssimo e absoluto de perfeição e plenitude de vida.

C-      BISPO MASON E A MENSAGEM DA SANTIFICAÇÃO

O lendário pregador holiness Charles Harrison Mason, que viria a ser o fundador e primeiro bispo sênior da maior igreja pentecostal dos Estados Unidos, começou seu ministério cristão em 1893 na Igreja Batista Mt. Gale em Preston, Arkansas. Em Novembro de 1893 matriculou-se na Faculdade Batista de Little Rock, devido ao seu conhecimento bíblico, logo ficou insatisfeito com o currículo e deixou a escola após três meses. Um dia, andando pela rua em Little Rock ouviu a voz do Espírito de Deus, que dizia: “Pregue a Santidade, pregue a santidade. Edifique a Igreja de Deus. E se você usar o nome que eu te der, ‘A Igreja de Deus em Cristo’, eu vou te usar. Nunca haverá um lugar grande o bastante para acomodar o povo que virá para te ouvir pregar.” A mensagem do Bispo Mason era carregada de poderosa e veemente exortação à santidade e à separação do mundo, mensagem que construiu a espinha dorsal da base doutrinária da Igreja de Deus em Cristo: (1) Santidade; (2) Santificação; (3) Batismo no Espírito Santo; e (4) O falar em línguas conforme o Espírito concedia. A Santificação era ministrada como uma poderosa obra especial da graça de Deus, e a Santidade era o compromisso gradual de cada cristão salvo e santificado.

D-     A TRÍPLICE SANTIFICAÇÃO DO CRENTE

A verdade teológica é uma construção do Espírito de Deus ao longo dos séculos. Os concílios tiveram seu papel fundamental para a sistematização das doutrinas cardeais da Bíblia Sagrada, mas é do Autor da Bíblia, o Espírito do Senhor, que extraímos a verdade suprema. A Doutrina da Santificação passou por reformulações na história, especialmente na história pentecostal. Hoje, entendemos a Santificação do crente à luz das Sagradas Escrituras como tríplice: (1) Santificação Posicional. No estado posicional a Santificação é completa e perfeita, assim, pela fé em Jesus Cristo e na obra do calvário, o homem torna-se santo, perfeitos aos olhos de Deus (Ef 2:6; Cl 2:10), não estamos mais sujeitos à acusações legais, pois a santidade divina passa a ser nossa santidade (Rm 8:33-34; I Jo 4:17). (2) Santificação Progressiva. É a responsabilidade de cada cristão posicionalmente santificado de condicionar sua existência terrena a um viver santo, à altura da santidade herdada, esta santificação deve ser constantemente aperfeiçoada (II Co 7:1). Esta Santificação também possui uma influência divina, através do Sangue de Jesus (Hb 13:12; I Jo 1:7, 9), da Palavra de Deus (Sl 12:6; 119:9; Jo 17:17; Ef 5:26), do Espírito Santo (Rm 1:4; I Pe 1:2; II Ts 2:13), da Fé (At 26:18; Rm 4:11; Fl 3:9; Tg 2:23), e da Glória de Deus (Êx 29:42; II Cr 5:13-14).Ler também I Pe 1:15. (3) Santificação Eterna. Também chamada Santificação Futura, é o estado eterno final dos escolhidos e santificados do Senhor; expressa muito bem nas palavras do discípulo amado: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos.” (I Jo 3:2). A Santificação Eterna é a restauração plena e absoluta do estado original do homem  criado à imagem e semelhança de Deus, com todos os recursos da natureza outra vez perfeitos e sujeitos à sua autoridade (Gn 1:26-28); é o que nos reserva a experiência da Santificação Posicional e a prática da Santificação Progressiva. Ler também Ef 5:27; I Ts 3:13; 5:23

E-      PORQUE DEVEMOS NOS SANTIFICAR

Parece redundante expor teoricamente porque devemos nos santificar, mas a Bíblia declara pelo menos três razões: (1) Porque é a vontade de Deus. O maior anseio de um cristão verdadeiramente nascido de novo deve ser buscar fazer constantemente toda a vontade de Deus. Este é o legado espiritual da Igreja de Deus em Cristo expresso em sua canção oficial “Yes Lord”, é a alma do crente dizendo sempre sim a perfeita vontade de Deus. (I Ts 4:3); (2) Para que vejamos a Deus. O fim e a motivação crucial da fé deve ser a plena comunhão com a divindade, e todos, latentemente desejam ver esse Deus, e mesmo sabendo que a plenitude dessa divindade materializou-se na pessoa de Jesus Cristo (Jo 14:9; Cl 2:9), e que existe uma restrição “teológica paulina” para tal (I Tm 6:16) ainda assim, desejamos naquele dia ver. (Hb 14:12); Para imitarmos a Deus. Nenhum homem pode ser modelo para a Igreja sem ter seu modelo em Jesus Cristo (I Co 11:1; Ef 5:1), e nenhuma Igreja poderá ser modelo para os homens sem antes ter seu modelo em Deus; O Bispo Charles Mason adotou como texto áureo da COGIC I Ts 2:14ª NVI. “Porque vocês, irmãos, tornaram-se imitadores das igrejas de Deus em Cristo...” (I Pe 1:16); (4) Para que Deus faça obras maravilhosas. Evidentemente os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento (Rm 11:29), porém, nota-se que para Deus intervir sobrenaturalmente em situações extremas em favor de seu povo, é preciso mais do que o dom de operação de maravilhas (I Co 12:10a), se faz necessário que seu povo se santifique, pois a manifestação da operação miraculosa de Deus é santa. Bispo Mason pregava mensagens similares à de Josué: “Disse Josué também ao povo: Santificai-vos, porque amanhã fará o Senhor maravilhas no meio de vós.” (Js 3:5)

CONCLUSÃO

Gloriamo-nos em Deus por nos ter legado a mensagem da santidade, e por ajudar a preservar esta mensagem por mais de cento e dez anos de história da Igreja de Deus em Cristo. Como membros de nossa amada igreja, temos a responsabilidade pessoal e coletiva de difundir um evangelho de renúncia e separação, em oposição aos “evangelhos alternativos” que têm permeado a cristandade moderna. Conheçamos nossa história, conheçamos nosso legado e conheçamos a doutrina apostólica, especialmente a da Santificação. 

PRECURSORES HISTÓRICOS DO MOVIMENTO PENTECOSTAL


INTRODUÇÃO

O movimento pentecostal é muito diversificado e está em constante evolução, o que torna difíceis as generalizações.
Após a Guerra Civil, na segunda metade do século 19, surgiu nas igrejas metodistas dos Estados Unidos um movimento que dava ênfase especial à plena santificação como uma “segunda bênção” ou “segunda obra da graça”, distinta da
conversão. Essas igrejas ficaram conhecidas pelo nome “holiness” (santidade). Em 1900, um pregador metodista, Charles Fox Parham, criou um instituto bíblico na cidade de Topeka, no Kansas, na região central dos Estados Unidos.
Já havia ocorrido a manifestação de línguas em anos anteriores nos EUA, assim como em outros períodos da história. A novidade na teologia de Parham é que ele foi o primeiro a considerar o “falar em línguas” como a evidência inicial do batismo no Espírito Santo. Em 1905, Parham criou uma escola bíblica em Houston, no Texas. Um dos estudantes atraídos pela escola foi um ex-garçom negro e pregador holiness, William J. Seymour. Era o período da discriminação racial no sul dos Estados Unidos e Parham simpatizava com esse sistema. Seymour só podia ouvir as aulas sentando-se no corredor do lado de fora da sala. Seymour, então com trinta anos, era filho de escravos, tinha pouca cultura, limitados dotes de oratória e era cego de um olho. Escolheu Atos 2.4 para o seu primeiro sermão em Los Angeles, embora ele mesmo nunca tivesse falado em línguas, acompanhado por boa parte do grupo, passou a fazer as reuniões na casa onde estava hospedado. Quando esta se tornou pequena, foram para outra um pouco maior, na Rua Bonnie Brae. A seguir, veremos alguns movimentos reavivacionistas históricos que influenciaram o âmago teológico e cultural do pentecostalismo.

A-Puritanos e Separatistas:  

Puritanos. O puritanismo é uma mentalidade ou atitude religiosa que começou cedo na história da Inglaterra. Movimento religioso protestante dos séculos 16 e 17 que buscou “purificar” a Igreja da Inglaterra em linhas mais reformadas. O movimento foi calvinista quanto à teologia e presbiteriano ou congregacional quanto ao governo eclesiástico (Donald K. McKim). Pessoas preocupadas com a reforma mais plena da Igreja da Inglaterra na época de Elizabete e dos Stuarts em virtude de sua experiência religiosa particular e do seu compromisso com a teologia reformada (I. Breward). O puritanismo influenciou a tradição reformada no culto, governo eclesiástico, teologia, ética e espiritualidade. Quatro convicções básicas: (1) a salvação pessoal vem inteiramente de Deus; (2) a Bíblia constitui o guia indispensável para a vida; (3) a igreja deve refletir o ensino expresso das Escrituras; (4) a sociedade é um todo unificado. Nestes tópicos podemos notar marcantes semelhanças com os ideais pentecostais.
Separatistas. Separatistas: termo aplicado ao puritano inglês Robert Browne (c.1550-1633) e seus seguidores, que se separaram da Igreja da Inglaterra. Mais tarde foi aplicado aos congregacionais ingleses e outros grupos que formaram suas próprias igrejas, se retiraram da igreja da Inglaterra durante os séculos 16 e 17 por causa de seu descontentamento com o ritual usado na adoração de Deus, e com o controle do estado na religião. Robert Browne tinha muita influencia com este grupo e seus seguidores vieram a ser conhecidos como "Brownistas". Suas escritas contêm talvez a indicação mais desenvolvida dos princípios da congregacionalismo. No século 17 ficaram conhecidos como os "Indepententes", seu sistema congregacional foi trazido para América pelos "Pilgrims" peregrinos. O conceito separatista de adoração “livre” transcendeu os séculos e teve suas aspirações realizadas na liturgia espontânea e viva das igrejas pentecostais.
Ênfase principal: preocupação com a pureza e integridade da igreja, do indivíduo e da sociedade, surgiu uma tradição de profundo apreço pelas Escrituras e questionamento de dogmas e práticas da igreja medieval com base nas mesmas... (...) Movimento muito influente na Inglaterra; principal tradição religiosa na história dos Estados Unidos.


B- QUAKERS E PIETISTAS

Quakers. Os quakers são um grupo religioso surgido na Inglaterra, em 1647, como uma dissidência da Igreja Anglicana. Inicialmente, a denominação escolhida pelo fundador do movimento, o sapateiro George Fox, foi da Sociedade dos Amigos, inspirada no texto do Evangelho de João 15, 14: "Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando". Na prática, porém, os seguidores ficaram conhecidos como quakers: o termo é derivado do verbo 'to quake' - estremecer, em inglês -, em alusão ao que ocorria com os adeptos quando tocados pelo Espírito Santo em suas reuniões. Um dos pilares da fé dos quakers é a crença de que Cristo está presente sempre que os "amigos" se reúnem em silêncio. Como uma das conseqüências disso, dispensam a figura de líderes ou mediadores. "Os quakers notabilizaram-se por crer na manifestação de Deus por meio de uma voz interior. Assim, todos os crentes são considerados ministros em potencial", afirma o pesquisador Douglas Nassif Cardoso, da Universidade Metodista de São Paulo. "Representam uma posição completamente diferenciada, contrários tanto ao Catolicismo quanto ao Protestantismo. Era uma terceira linha que valorizava o contato direto com Deus." Rejeitando qualquer organização clerical, viviam em recolhimento e pregam a prática do pacifismo, da solidariedade e da filantropia. Com o objetivo de garantir sua pureza moral, também defendiam atitudes, digamos, nada moderadas: recusavam-se a pagar dízimos à igreja oficial, a prestar juramento diante dos magistrados nas cortes ou a homenagear autoridades, incluindo o rei. Negavam-se ainda a prestar o serviço militar e a tomar parte nas guerras. Devido a esse posicionamento radical, os quakers sofreram perseguições na Inglaterra e, no século 17, migraram paara a América do Norte, principalmente para os Estados Unidos. Evidentemente não há paralelos em termos eclesiológicos ou de governo entre o movimento de Jorge Fox e o movimento de William Seymour, assim como não há paralelos evangelicais, ou seja, da valorização das Escrituras, mas no aspecto místico, os quakers influenciaram a espiritualidade pentecostal.
Pietistas. Originou-se no meio da Igreja Luterana, no final de 1600, e propunha reformas à tradição protestante que já se acomodava, assim como o pentecostalismo propunha uma nova “roupagem espiritual” ao protestantismo clássico.. Phillip J. Spener (1631 - 1705) é considerado o Pai do Pietismo. Os pietistas influenciaram grandemente o trabalho missionário de sua época. O movimento missionário protestante teve seus primórdios com o pietismo alemão, um movimento de renovação do luteranismo liderado por Philip Spener e Auguste Francke, com sede na Universidade de Halle (1694). A colaboração entre o rei da Dinamarca e os pietistas resultou na primeira missão protestante, que enviou os missionários Bartolomeu Ziegenbalg e Henrique Plütschau para Tranquebar, na Índia, em 1705.

C- MORÁVIOS E METODISTAS

Morávios. Talvez sejam os mais exemplares dos movimentos missionários até hoje. De cada 60 membros, 1 era missionário, que foram enviados a todos os cinco continentes. Seu Líder era o Conde Nicolau Ludwing Zanzerdof (1700 - 1760). Os pietistas influenciaram o conde Nikolaus Ludwig von Zinzendorf (1700-1760), que acolheu em sua propriedade na Saxônia um grupo de refugiados morávios perseguidos pela Contra-Reforma, herdeiros do pré-reformador tcheco João Hus. Sob a liderança do piedoso Zinzendorf, os morávios empreenderam um vigoroso movimento missionário que até 1760 enviou 226 missionários a São Tomás (Ilhas Virgens), Groenlândia, Suriname, Costa do Ouro, África do Sul, Jamaica, Antigua e aos índios norte-americanos.
Ao longo dos 1600 anos seguintes, a Igreja passou por muitas transformações, mas a partir do ano 1750, tem-se início o período de Missões Modernas, que resumimos assim: Os dois nomes mais famosos destas era, também chamada de 1º era de missões modernas são Willian Carey e Hudson Taylor. Além disso, os morávios tiveram sua experiência espiritual profundamente afetada pela rotina coletiva de orações que se tornaram parte da cultura social dos morávios. E não há como negar que os pentecostais, tal qual os morávios, surgiram como um poderoso movimento de intensa oração e missões transculturais.
Metodistas. O metodismo foi um movimento de avivamento espiritual cristão ocorrido na  iniciando-se com uma conversão pessoal e seguindo uma vida de ética e moral cristã. O metodismo foi liderado por John Wesley, eclesiástico da Igreja Anglicana, e seu irmão Carlos Wesley, considerado um dos maiores expoentes da música sacra protestante. O metodismo teve seu início nos meados do século XVIII na Inglaterra. Era uma época em que a sociedade inglesa passava por rápidas transformações. Milhares de pessoas saíam da zona rural, que era controlada por grandes proprietários, para procurar trabalho nas novas indústrias das cidades. Nesse tempo o povo vivia na miséria trabalhando longas horas e só ganhando o mínimo necessário para sua sobrevivência. As pessoas moravam em cortiços, sem as mínimas condições e não tinham acesso a médicos quando ficavam doentes. As crianças não iam à escola porque em geral trabalhavam para ajudar seus pais. Havia grande número de alcoólatras. O povo estava frustrado e desiludido. Em 1730 João e Carlos Wesley, William Morgan e Bob Kirkham começaram a reunir-se em Oxford para estudar juntos, organizando uma pequena sociedade, o chamado Clube Santo. Esforçavam-se por levar uma vida devocional disciplinada e regularmente se dedicavam a ensinar os órfãos, visitar os presos, cuidar dos pobres e idosos. Ali, foram eles, pela primeira vez, chamados "metodistas". Esse nome foi decorrente do rigor com que desenvolviam suas práticas de vida e de cristianismo, com muita disciplina e método. A tradição da santidade e a da vida quase ascética marcaram os primórdios do movimento pentecostal, justamente pelo fato de o metodismo ter sido a principal influência do movimento holliness, que por sua vez é o precursor direto do pentecostalismo.

E- O AVIVAMENTO DA RUA AZUZA

  • Por fim, o Movimento Pentecostal é a sementeira e o berço de todas as denominações pentecostais; tudo “recomeçou” lá, no velho barracão abandonado da Rua Azuza 318 em Los Angeles, justamente por isso, é justo e indispensável a todo crente pentecostal buscar as origens práticas, históricas e teológicas de sua fé e de suas convicções espirituais carismáticas.
Foi nesse endereço em Los Angeles que um grupo multiracial de sedentos por Deus se reuniu com uma forma revolucionária de culto e expressão de adoração, sob a liderança do pastor afro-descendente William J. Seymour. Lá, oficializando a teologia de Charles Fox Parhan, eles ensinavam que o as línguas estranhas são a evidência inicial do batismo no Espírito Santo, além disso, pregavam a santificação como ato definitivo da graça, e o arrebatamento eminente da Igreja. Dentre os que passaram pela Rua Azuza o mais destacado foi, sem dúvida, o pregador holiness Charles Harrison Mason, que foi direta e pessoalmente ministrado por Seymour e recebeu o Batismo no Espírito Santo; o mesmo deu início àquela que seria a primeira e maior denominação pentecostal dos Estados Unidos e a que mais cresce no mundo, a Church Of God In Christ (Igreja de Deus em Cristo)   

CONCLUSÃO
                Ao longo da história Deus já vinha pavimentando a estrada para o pleno derramamento do seu Espírito sobre a terra, e não podemos obviamente acreditar que o movimento pentecostal no início do século XX foi o derradeiro mover de Deus precedendo o fim, mas sim, o prenúncio de algo maior e mais efusivo (Mt 24:14). Certamente o pentecostalismo deu a tônica do que será o último avivamento espiritual, e queiram ou não os teólogos céticos de “mente grega”, esse último derramar será marcado pela operação poderosa do Espírito Santo de Deus e os extraordinários sinais e dons do Espírito que confirmarão a mensagem do Evangelho. Ao entender a “árvore genealógica” do pentecostalismo, você ampliará sua expectativa por novos e mais abundantes frutos espirituais.