“E Ananias foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmãos Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo...”
Atos 8:18a
O objetivo da imposição das mãos de Ananias em Saulo era que ele fosse cheio do Espírito Santo.
Lucas não relata nenhuma manifestação da glossolalia neste episódio. É certo, no entanto, que o apóstolo Paulo, depois da experiência na casa do irmão Judas, na Rua Direita, Paulo falava em línguas regularmente e freqüentemente desde então. “Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos.” (1ª Co14:18). Se muitos teólogos tradicionais e céticos consideram as línguas inúteis, então porque o sábio e espiritual apóstolo Paulo era tão grato a Deus por esta preciosa dádiva. Acerca disso falaremos mais adiante.
No livro de Atos dos Apóstolos a experiência de falar em línguas somente ocorre no momento do recebimento do Batismo no Espírito Santo, pois as línguas são a evidência marcante do mesmo. Parece, portanto, perfeitamente lógico que no exato instante da imposição de mãos do discípulo Ananias, Paulo foi batizado no Espírito Santo com a evidência do falar em línguas.
Paulo desfrutava de uma singular comunhão com o Espírito Santo através da oração, especialmente da oração em línguas. Tal comunhão estava refletida em seu profundo anelo por ver a Igreja desfrutando desta intimidade com o Deus Trino, de sorte que Paulo ministrando a benção apostólica aos crentes da Igreja em Corinto expressou: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos. Amém!” (2ª Co13:13). A sublime graça de Jesus Cristo já se manifestou em seu ministério aos homens, Deus Pai já revelou a grandeza de seu inexplicável amor ao enviar seu único Filho para morrer por nós, mas a comunhão do Espírito Santo se manifesta hoje para a Igreja, na dispensação da graça, para que todo filho de Deus possa gozar de estreita e íntima comunhão com a Divindade por sua terceira maravilhosa Pessoa. Paulo queria que a comunhão do Espírito Santo fosse uma realidade plena e constante para os crentes, pois ele mesmo desfrutava desta dádiva graciosa.
Preste muita atenção! O segredo da intimidade de Paulo com o Senhor era justamente sua vida singular de oração, que incluía longos períodos de oração em línguas. Além disso, através da oração em línguas Paulo recebeu as mais profundas revelações doutrinárias que o nutriram espiritualmente para escrever suas treze cartas e desvincular a fé cristã do judaísmo ortodoxo. Aliás, todo conhecimento espiritual de Paulo não teve nenhuma espécie origemacadêmica; ele mesmo considerou todo seu conhecimento intelectual e religioso como esterco (Fl 3:8); sua ciência espiritual também não foi adquirida através de ensinos de homens, mas por revelação direta de Jesus Cristo (Gl1:11-12).
Os escritos doutrinários de Paulo são notoriamente caracterizados por sua compreensão de mistérios espirituais que somente poderiam ser absorvidos por meios divinos, o próprio Paulo escreveu acerca disso: “pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual, noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como, agora, tem sido revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas.” (Ef 3:4-5).
A principal característica espiritual de Paulo era sua profunda compreensão e conhecimento dos tempos, os escritos paulinos revelam que ele não estava deslocado no tempo, tanto em relação à sua própria vida e ministério, quanto à dispensação dos tempos da Igreja. O Espírito Santo revelou a Paulo o tempo oportuno que Deus escolhera para restaurar todas as coisas em Cristo.
“descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra.”
Efésios 1:9-10
Paulo está aqui declarando que o mistério da vontade agora está revelado à Igreja de forma tão clara e cristalina, como jamais esteve, nem mesmo nos tempos de profetas como Moisés e Elias. Ele escreve que esta soberana vontade de Deus sempre foi preparar uma ocasião ideal para a manifestação do Filho Deus, no qual todas as coisas seriam congregadas. Este “tempo perfeito” ou “chronos pleroma” era bem conhecido por Paulo, que depois de uma veemente exortação aos romanos sobre amor, vigilância e pureza, alertou: “E isto digo, conhecendo o tempo...” (Rm13:11).
Outro aspecto em que Paulo estava profundamente instruído e preparado era com relação à batalha espiritual e o papel da Igreja do Senhor na mesma, e a grande chave desta visão profética sobre o reino espiritual era justamente a oração no Espírito (em línguas): “orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito...” (Ef6:18).
Acerca da origem das revelações de Paulo na glossolalia estudaremos mais a frente em nosso seminário.Extraído do Seminário GLOSSOLÁLIA - A Dádiva da Edificação Pessoal
Autor: Pr. Enéas Ribeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário