Introdução
Um
dos maiores equívocos teológicos da cristandade católica romana é a atribuição
do título de fundamento da Igreja ao apóstolo São Pedro. Baseando seus
argumentos no pronunciamento de Jesus acerca do apóstolo (Mt 16:18-19), estabeleceu a hierarquia papal como sucessão de
Pedro, significando que cada Papa assume o papel de alicerce espiritual da
Igreja. Na verdade Jesus fez uma espécie de trocadilho, apontando para Pedro e
dizendo: “Tu és Pedro”, que no original é “petrus”, ou pequenas pedrinhas; e apontando para si mesmo disse:
“sobre esta pedra edificarei a minha igreja”, e já esta pedra, no
original grego é “Petra”, ou Rocha,
Pedra Principal, Pedra Fundamental. Assim, na verdade, o fundamento da Igreja
não é Pedro, e sim, a sua declaração: “Tu
és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (v.
16). A declaração do messianismo universal (Cristo), e da divindade (Filho
de Deus) de Jesus, estabelecem a solidez da Igreja. A missão messiânica de
Jesus, o Cristo, são de caráter global e cosmológico, ou seja, a redenção
efetuada por Cristo Jesus não abrangeu determinada cultura ou nação, mas foi
universal, e a verdade mais irremovível da fé é que Jesus Cristo é o Verbo que
se fez carne, Deus em forma humana (Jo
1:1-4, 14; 14:8-9; Cl 2:9) que se despojou de suas prerrogativas soberanas
de Deus para viver e morrer entre nós, como forma de resgatar a humanidade ao
seu estado original edênico (Gn 1:26-27).
Pedro representou naquele momento de revelação, a classe apostólica, ou seja,
aos apóstolos, em harmonia com os demais ministérios e a Igreja Restaurada,
Jesus promete: “Eu te darei as chaves do
Reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado no céu, e tudo o que
desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 16:19). Estas chaves são: (1) A autoridade do Reino (Lc 9:1); (2) A Ciência do Reino (Lc 11:52); e (3) Os Recursos do Reino (I Co 4:1).
CRISTO A VERDADEIRA PEDRA DE ESQUINA
Ainda que todos
cinco ministérios estivessem em pleno vigor e harmonia, e os dons operantes em
seu poder máximo, mas Jesus Cristo e suas palavras não estivessem arraigados na
base do edifício Igreja, já não haveria uma Igreja, pois os ventos e chuvas da história
humana já a teriam feito sucumbir (Mt
7:24-27). A pedra de esquina é uma enorme rocha que delimita a área da
construção de um edifício, além de fornecer forte sustentação e um marco
histórico para lembrarmos a origem da construção. O próprio apóstolo Pedro,
que, contrariamente à teologia católica, não é a Pedra, disse: “Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os
edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina.” (At 4:11). Pedra, foi desta forma que
Nabucodonosor teve a visão de Jesus Cristo vindo em glória para estabelecer seu
Reino que não terá fim. “...o Deus do céu
do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e esse reino não
passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos e será
estabelecido para sempre. Da maneira como viste que do monte foi cortada uma
pedra, sem mãos, e ela esmiuçou o ferro, o cobre, o barro, a prata e o ouro, o
Deus grande fez saber ao rei o que há de ser depois disso; e certo é o sonho, e
fiel a sua interpretação.” (Dn
2:44-45). Como veremos adiante, a Igreja está edificada sobre o fundamento
dos apóstolos e profetas, mas Jesus Cristo é Pedra Principal de Esquina (Ef 2:20).
A SINGULARIDADE DE CRISTO
A verdade mais
ofensiva da fé cristã às religiões é a singularidade de Jesus Cristo, no aspecto
do Senhorio e da Salvação. A questão é que essa singularidade não foi declarada
inicialmente por seus discípulos, como nos casos das religiões mundiais, mas
pelo próprio Cristo. A escolha da humanidade é escolher a auto-proclamação de
Jesus é loucura ou a verdade: “...Eu sou
o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14:6). A declaração é enfática e
penetrante, não há acesso a Deus a não ser por Jesus Cristo. O apóstolo Pedro
confirma esta verdade: “E em nenhum outro
há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os
homens, pelo qual devamos ser salvos.” (At 4:12). Só em Cristo há salvação, só em Cristo há redenção, e só
em Cristo há mediação, aliás, qualquer ensino de que possa haver outros mediadores
entre Deus e os homens além de Jesus Cristo, deve ser refutado com veemência.
Apesar da grandeza e singularidade da vida e ministério de Maria, somente em
Jesus temos acesso à Deus. “Porque há um
só Deus e só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem.” (I Tm 2:5).
O FUNDAMENTO PROFÉTICO DA IGREJA
Após criar (Gn 12:1-3) e reunir um povo, Deus
estabeleceu uma lei moral (Êx 20:1-17).
Este mandamento foi conservado e difundido pelas gerações de profetas que Deus
constituiu a Israel. Este é o Fundamento dos Profetas: O MANDAMENTO.
Assim, embora a Igreja não seja salva pelas obras da Lei (Ef 2:8-9), continua arraigada e fundada na síntese do Mandamento. “para que Cristo habite, pela fé, no vosso
coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes
perfeitamente compreender, com todos os santos...” (Ef 3:17-18). Sim, o decálogo (Dez
Mandamentos) não foi abolido por Jesus, mas cumprido (Mt 5:17). Agora, pela habitação de Cristo em nós (Cl 1:27), estamos sob uma nova forma de
Lei para cumprir o mandamento pelo Espírito (Rm 8:1-3), e este Mandamento foi sintetizado: “...porque quem ama aos outros cumpriu a lei.” (Rm 13:8b). Jesus disse: “Um
novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós,
que também vós uns aos outros vos ameis.” (Jo 13:34). Portanto, o Fundamento Profético da Igreja é o amor, e o
ministério do profeta é consolar, exortar e edificar em amor, para a Igreja se
conserve como a Comunidade do Amor.
Assim, de fato, O FUNDAMENTO PROFÉTICO DA IGREJA É O MANDAMENTO DO AMOR.
O FUNDAMENTO APOSTÓLICO DA IGREJA
Após edificar e
comissionar (Mt 16:18; Mc 16:15; At 1:8)
a sua Igreja e inaugurá-la (At 2:1-47),
Jesus, como já dissemos, sintetizou a Lei e os mandamentos no Fundamento
Profético, o amor, e estabeleceu os apóstolos como colunas da Doutrina de
Cristo e de seu Reino (At 2:42; Mt 4:23;
13:19). Este é o Fundamento dos Apóstolos: A DOUTRINA DO REINO. É
justamente esta Doutrina que se perdeu a partir do século III, e que desde
então, Deus através de avivamentos e reformas vem restaurando, e antes da
Segunda Vinda do Senhor Jesus, é esta a mensagem que estará plenamente
restaurada e propagada: “E este evangelho
do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então
virá o fim.” (Mt 24:14). Este
Fundamento Apostólico foi lançado para edificar a Igreja como uma “embaixada”
que representa não uma religião, mas um Reino. Este Fundamento proclama a
Cristo não como meramente um Profeta, mas como o Rei. Os profetas falavam dessa
restauração plena (At 3:21), e
Isaías previu a manifestação do Cristo com uma missão “espiritualmente
política”: “Porque um menino nos nasceu,
um filho se nos deu; e o governo está sobre os seus ombros” (Is 9:6). Note que sobre os ombros do
Messias não está a religião, mas o governo. Um dos motivos da Igreja ter se
dividido tanto, foi o fato de pregarem o “evangelho da salvação”, e cada um
desenvolveu seu sistema soteriológico, sendo que a salvação já foi plenamente
efetuada por Cristo na cruz. O que faz da Igreja uma única Instituição Poderosa
(Jo 17:21-23), é pregar a mesma
mensagem que Jesus pregou (Mt 4:17),
a Boa Notícia (Evangelho) de que o
Reino de Deus chegou, e esta é a mensagem que o Senhor nos delegou à pregar
desde o princípio (Lc 9:2, 60). A
Igreja está retornando para a mensagem original: “A Lei e os Profetas duraram até João; desde então, é anunciado o Reino
de Deus...” (Lc 16:16). O
FUNDAMENTO APOSTÓLICO DA IGREJA É O EVANGELHO DO REINO.
O MISTÉRIO DE CRISTO COMPLETO NO APOSTÓLICO E NO PROFÉTICO
Embora os
profetas da Antiga Aliança falassem pelo Espírito Santo, com espantosa
clarividência da dispensação futura, eles não entendiam perfeitamente do que
falavam. Profetas são como carteiros, eles entregam a carta, mas não abrem a
correspondência. Havia um mistério que estava “oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi
manifesto aos seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as
riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança
da glória.” (Cl 1:26-27). Era exatamente isso que os antigos profetas da Lei não
sabiam: que o Messias não restauraria o reino a Israel em sua primeira vinda (At 1:6), mas estabeleceria o seu Reino
dentro de seu povo (Lc 17:20-21),
habitando nele em Espírito. O Messias em nós, esperança da glória do Reino vindouro. A Igreja primitiva, em seus
primeiros trezentos anos, experimentou de forma sem precedentes a plenitude
dessa revelação messiânica. E o motivo dessa iluminação espiritual da primeira
Igreja era a harmonia do corpo de Cristo, com todos os membros e operações bem
ajustados (I Co 12:12-31; Ef 4:15-16).
Como abordaremos mais pormenorizadamente na 12ª Lição, ao longo dos séculos (depois do século III) esse corpo
harmônico e saudável chamado Igreja vem restaurando seus dons e operações, e
agora, nós, todo o corpo de Cristo chegamos no tempo do “...até que...” predito pelo apóstolo Paulo (Ef 4:13a), em contemplaremos: (1) A Unidade da Fé; (2) O
Conhecimento do Filho de Deus; (3) A Estatura Completa de Cristo na Igreja (Ef 4:13). Isso acontecerá porque os
ministério de APÓSTOLOS e PROFETAS está sendo restaurado à Igreja, somente isso
poderá completar a revelação oculta no passado; Paulo como apóstolo e profeta
pôde, modéstia dar testemunho de seu próprio grau de revelação dizendo: “pelo que, quando ledes, podeis perceber a
minha compreensão do mistério de Cristo, o qual, noutros séculos, não foi
manifestado aos filhos dos homens, como, agora, tem sido revelado pelo
Espírito aos seus santos apóstolos e profetas.” (Ef 3:5). O mistério de Cristo se completa no apostólico e no
profético.
Conclusão
Estamos vivendo
as etapas finais da edificação da maior e mais poderosa Instituição que o mundo
já conheceu, a Igreja Apostólica, portadora da mais impactante mensagem que
o mundo já ouviu, o Evangelho do Reino. Os alicerces foram renovados, os
edificadores estão empenhados na obra, e o Divino habitante desta Casa, o
Espírito Santo, está prestes a entrar de maneira singular e palpável.
JESUS CRISTO É A PEDRA FUNDAMENTAL, APÓSTOLOS E PROFETAS SÃO OS FUNDAMENTOS.