segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

FERVOR ESPIRITUAL INSTÁVEL “A Espiritualidade das Vacas Magras”




Tenho observado que um dos males mais que assolam os ministros cristãos e crentes da atualidade, é a instabilidade de seu entusiasmo espiritual. Somos exortados pelo apóstolo Paulo: “Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor.” (Romanos 12:11). Muitos cristãos pastores e obreiros desejam sinceramente serem constantes em seus votos de santificação, oração e serviço no Reino. O motivo de não perseverarem é, dentre outras coisas, pela “necessidade” de atender a demanda dos apelos seculares a fim de parecerem cristãos mais “antenados e contextualizados”. Assim, O inviolável tempo para o serviço do Reino (ministério) é trocado pela busca frenética de sucesso profissional; o precioso tempo de oração e comunhão com Deus é trocado por horas infindáveis de navegação nas redes sociais e na internet; e a santificação e consagração pessoal é descartada para atender aos apelos do entretenimento oferecido por Hollywood e pelos círculos de “amizade” com tendências ao secularismo e muitas vezes ao profano.
De fato, estamos vivendo uma crise na cristandade moderna, especialmente no ministério; é a geração de um sacerdócio profano, que amenizou a palavra “mundano”, por “secular”.
Muitos jovens cristãos até nutrem um certo entusiasmo pelo serviço religioso no contexto eclesiástico do templo, mas conciliam seu interesse pelo Reino de Deus, com sua paixão por ídolos modernos como times de futebol, músicas de conteúdo imoral, artistas, novelas degradantes etc... A pouca paixão por Jesus Cristo, pois o trono do coração está sendo disputado por muitos “reis modernos” deste século. Ao mesmo tempo em que falam em línguas dentro das igrejas, blasfemam o nome de Cristo com seu palavreado torpe e malicioso. Ao mesmo tempo em que fascinam o público com suas performances que forjam a verdadeira unção, suas mentes e atenções estão cada vez mais voltadas para o banquete do sistema.
Toda essa instabilidade e duplicidade espiritual são abomináveis a Deus. “Aborreço a duplicidade, mas amo a tua lei” (Salmo 119:113). Ou somos quentes, ou frios, os mornos estão à ponto de serem vomitados por Cristo (Apocalipse 3:15-16). Não podemos servir a dois senhores (Mateus 6:24), nem coxear entre dois pensamentos (I Reis 18:21). A santificação cristã está no plano do total e absoluto e não do parcial e relativo (I Tessalonicenses 5:23). Não é possível ser meio santo. “Quem é injusto faça injustiça ainda; e quem está sujo suje-se ainda; e quem é justo faça justiça ainda; e quem é santo seja santificado ainda.” (Apocalipse 22:11).
Essa “espiritualidade das vacas magras” não pode coexistir com uma “espiritualidade das vacas gordas”. José se preparou para o tempo da escassez, e como líder dinâmico e avivalista, preparou o povo do Egito; quando a fome chegou no mundo, todos estavam supridos pelos depósitos de José. Precisamos encher nossos celeiros espirituais com o trigo e o leite do céu, para que neste tempo de escassez espiritual, possamos estar supridos de graça, unção e santidade, e suprir as massas humanas com estas dádivas de nosso depósito. A santificação e dedicação de ontem perdem todo o valor para Deus quando hoje somos profanos e desleixados. Viva, hoje, agora, a vida de justiça em Cristo Jesus, pois o Senhor não leva em conta a justiça “mofada” de ontem. (Ezequiel 33:12-15)
Acerca dessa passagem bíblica e dessa instabilidade espiritual moderna, o lendário “príncipe dos pregadores” Charles Spurgeon escreveu:
O sonho de Faraó, com muita freqüência, tem sido minha experiência quando estou acordado. Meus dias de preguiça têm destruído terrivelmente tudo o que alcancei nos momentos de fervorosa dedicação, minhas estações de frio tem congelado todo o brilho genial de meus períodos de fervor e entusiasmo, e minhas crises de interesse pelos assuntos mundanos têm me impedido de avançar na vida divina. Preciso tomar cuidado com orações, louvores, deveres e experiências magros, pois eles comerão a gordura de meu consolo e paz. Se eu negligenciar a oração por tão pouco tempo, perco toda a espiritualidade que alcancei; se eu não receber a provisão fresca do céu, o milho velho em meu celeiro logo é consumido pela fome, que se enfurece em minha alma. Quando as lagartas da indiferença, as larvas do mundanismo e as taturanas da satisfação própria deixam meu coração completamente desolado e definham minha alma, toda a minha antiga fertilidade e crescimento na graça de nada servem. Como eu deveria estar desejoso por não ter dias de espírito magro, não ter horas feias! Por que cada ano que passa não deveria eu ser mais rico que o anterior em amor, proveito e alegria? Estou mais perto dos montes celestiais; tenho tido mais experiência com meu Senhor e, contudo, deveria ser mais semelhante a Ele. Ó Senhor, afasta-me da maldição de ter a alma magra!” 

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