sábado, 29 de outubro de 2011

PRECURSORES HISTÓRICOS DO MOVIMENTO PENTECOSTAL


INTRODUÇÃO

O movimento pentecostal é muito diversificado e está em constante evolução, o que torna difíceis as generalizações.
Após a Guerra Civil, na segunda metade do século 19, surgiu nas igrejas metodistas dos Estados Unidos um movimento que dava ênfase especial à plena santificação como uma “segunda bênção” ou “segunda obra da graça”, distinta da
conversão. Essas igrejas ficaram conhecidas pelo nome “holiness” (santidade). Em 1900, um pregador metodista, Charles Fox Parham, criou um instituto bíblico na cidade de Topeka, no Kansas, na região central dos Estados Unidos.
Já havia ocorrido a manifestação de línguas em anos anteriores nos EUA, assim como em outros períodos da história. A novidade na teologia de Parham é que ele foi o primeiro a considerar o “falar em línguas” como a evidência inicial do batismo no Espírito Santo. Em 1905, Parham criou uma escola bíblica em Houston, no Texas. Um dos estudantes atraídos pela escola foi um ex-garçom negro e pregador holiness, William J. Seymour. Era o período da discriminação racial no sul dos Estados Unidos e Parham simpatizava com esse sistema. Seymour só podia ouvir as aulas sentando-se no corredor do lado de fora da sala. Seymour, então com trinta anos, era filho de escravos, tinha pouca cultura, limitados dotes de oratória e era cego de um olho. Escolheu Atos 2.4 para o seu primeiro sermão em Los Angeles, embora ele mesmo nunca tivesse falado em línguas, acompanhado por boa parte do grupo, passou a fazer as reuniões na casa onde estava hospedado. Quando esta se tornou pequena, foram para outra um pouco maior, na Rua Bonnie Brae. A seguir, veremos alguns movimentos reavivacionistas históricos que influenciaram o âmago teológico e cultural do pentecostalismo.

A-Puritanos e Separatistas:  

Puritanos. O puritanismo é uma mentalidade ou atitude religiosa que começou cedo na história da Inglaterra. Movimento religioso protestante dos séculos 16 e 17 que buscou “purificar” a Igreja da Inglaterra em linhas mais reformadas. O movimento foi calvinista quanto à teologia e presbiteriano ou congregacional quanto ao governo eclesiástico (Donald K. McKim). Pessoas preocupadas com a reforma mais plena da Igreja da Inglaterra na época de Elizabete e dos Stuarts em virtude de sua experiência religiosa particular e do seu compromisso com a teologia reformada (I. Breward). O puritanismo influenciou a tradição reformada no culto, governo eclesiástico, teologia, ética e espiritualidade. Quatro convicções básicas: (1) a salvação pessoal vem inteiramente de Deus; (2) a Bíblia constitui o guia indispensável para a vida; (3) a igreja deve refletir o ensino expresso das Escrituras; (4) a sociedade é um todo unificado. Nestes tópicos podemos notar marcantes semelhanças com os ideais pentecostais.
Separatistas. Separatistas: termo aplicado ao puritano inglês Robert Browne (c.1550-1633) e seus seguidores, que se separaram da Igreja da Inglaterra. Mais tarde foi aplicado aos congregacionais ingleses e outros grupos que formaram suas próprias igrejas, se retiraram da igreja da Inglaterra durante os séculos 16 e 17 por causa de seu descontentamento com o ritual usado na adoração de Deus, e com o controle do estado na religião. Robert Browne tinha muita influencia com este grupo e seus seguidores vieram a ser conhecidos como "Brownistas". Suas escritas contêm talvez a indicação mais desenvolvida dos princípios da congregacionalismo. No século 17 ficaram conhecidos como os "Indepententes", seu sistema congregacional foi trazido para América pelos "Pilgrims" peregrinos. O conceito separatista de adoração “livre” transcendeu os séculos e teve suas aspirações realizadas na liturgia espontânea e viva das igrejas pentecostais.
Ênfase principal: preocupação com a pureza e integridade da igreja, do indivíduo e da sociedade, surgiu uma tradição de profundo apreço pelas Escrituras e questionamento de dogmas e práticas da igreja medieval com base nas mesmas... (...) Movimento muito influente na Inglaterra; principal tradição religiosa na história dos Estados Unidos.


B- QUAKERS E PIETISTAS

Quakers. Os quakers são um grupo religioso surgido na Inglaterra, em 1647, como uma dissidência da Igreja Anglicana. Inicialmente, a denominação escolhida pelo fundador do movimento, o sapateiro George Fox, foi da Sociedade dos Amigos, inspirada no texto do Evangelho de João 15, 14: "Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando". Na prática, porém, os seguidores ficaram conhecidos como quakers: o termo é derivado do verbo 'to quake' - estremecer, em inglês -, em alusão ao que ocorria com os adeptos quando tocados pelo Espírito Santo em suas reuniões. Um dos pilares da fé dos quakers é a crença de que Cristo está presente sempre que os "amigos" se reúnem em silêncio. Como uma das conseqüências disso, dispensam a figura de líderes ou mediadores. "Os quakers notabilizaram-se por crer na manifestação de Deus por meio de uma voz interior. Assim, todos os crentes são considerados ministros em potencial", afirma o pesquisador Douglas Nassif Cardoso, da Universidade Metodista de São Paulo. "Representam uma posição completamente diferenciada, contrários tanto ao Catolicismo quanto ao Protestantismo. Era uma terceira linha que valorizava o contato direto com Deus." Rejeitando qualquer organização clerical, viviam em recolhimento e pregam a prática do pacifismo, da solidariedade e da filantropia. Com o objetivo de garantir sua pureza moral, também defendiam atitudes, digamos, nada moderadas: recusavam-se a pagar dízimos à igreja oficial, a prestar juramento diante dos magistrados nas cortes ou a homenagear autoridades, incluindo o rei. Negavam-se ainda a prestar o serviço militar e a tomar parte nas guerras. Devido a esse posicionamento radical, os quakers sofreram perseguições na Inglaterra e, no século 17, migraram paara a América do Norte, principalmente para os Estados Unidos. Evidentemente não há paralelos em termos eclesiológicos ou de governo entre o movimento de Jorge Fox e o movimento de William Seymour, assim como não há paralelos evangelicais, ou seja, da valorização das Escrituras, mas no aspecto místico, os quakers influenciaram a espiritualidade pentecostal.
Pietistas. Originou-se no meio da Igreja Luterana, no final de 1600, e propunha reformas à tradição protestante que já se acomodava, assim como o pentecostalismo propunha uma nova “roupagem espiritual” ao protestantismo clássico.. Phillip J. Spener (1631 - 1705) é considerado o Pai do Pietismo. Os pietistas influenciaram grandemente o trabalho missionário de sua época. O movimento missionário protestante teve seus primórdios com o pietismo alemão, um movimento de renovação do luteranismo liderado por Philip Spener e Auguste Francke, com sede na Universidade de Halle (1694). A colaboração entre o rei da Dinamarca e os pietistas resultou na primeira missão protestante, que enviou os missionários Bartolomeu Ziegenbalg e Henrique Plütschau para Tranquebar, na Índia, em 1705.

C- MORÁVIOS E METODISTAS

Morávios. Talvez sejam os mais exemplares dos movimentos missionários até hoje. De cada 60 membros, 1 era missionário, que foram enviados a todos os cinco continentes. Seu Líder era o Conde Nicolau Ludwing Zanzerdof (1700 - 1760). Os pietistas influenciaram o conde Nikolaus Ludwig von Zinzendorf (1700-1760), que acolheu em sua propriedade na Saxônia um grupo de refugiados morávios perseguidos pela Contra-Reforma, herdeiros do pré-reformador tcheco João Hus. Sob a liderança do piedoso Zinzendorf, os morávios empreenderam um vigoroso movimento missionário que até 1760 enviou 226 missionários a São Tomás (Ilhas Virgens), Groenlândia, Suriname, Costa do Ouro, África do Sul, Jamaica, Antigua e aos índios norte-americanos.
Ao longo dos 1600 anos seguintes, a Igreja passou por muitas transformações, mas a partir do ano 1750, tem-se início o período de Missões Modernas, que resumimos assim: Os dois nomes mais famosos destas era, também chamada de 1º era de missões modernas são Willian Carey e Hudson Taylor. Além disso, os morávios tiveram sua experiência espiritual profundamente afetada pela rotina coletiva de orações que se tornaram parte da cultura social dos morávios. E não há como negar que os pentecostais, tal qual os morávios, surgiram como um poderoso movimento de intensa oração e missões transculturais.
Metodistas. O metodismo foi um movimento de avivamento espiritual cristão ocorrido na  iniciando-se com uma conversão pessoal e seguindo uma vida de ética e moral cristã. O metodismo foi liderado por John Wesley, eclesiástico da Igreja Anglicana, e seu irmão Carlos Wesley, considerado um dos maiores expoentes da música sacra protestante. O metodismo teve seu início nos meados do século XVIII na Inglaterra. Era uma época em que a sociedade inglesa passava por rápidas transformações. Milhares de pessoas saíam da zona rural, que era controlada por grandes proprietários, para procurar trabalho nas novas indústrias das cidades. Nesse tempo o povo vivia na miséria trabalhando longas horas e só ganhando o mínimo necessário para sua sobrevivência. As pessoas moravam em cortiços, sem as mínimas condições e não tinham acesso a médicos quando ficavam doentes. As crianças não iam à escola porque em geral trabalhavam para ajudar seus pais. Havia grande número de alcoólatras. O povo estava frustrado e desiludido. Em 1730 João e Carlos Wesley, William Morgan e Bob Kirkham começaram a reunir-se em Oxford para estudar juntos, organizando uma pequena sociedade, o chamado Clube Santo. Esforçavam-se por levar uma vida devocional disciplinada e regularmente se dedicavam a ensinar os órfãos, visitar os presos, cuidar dos pobres e idosos. Ali, foram eles, pela primeira vez, chamados "metodistas". Esse nome foi decorrente do rigor com que desenvolviam suas práticas de vida e de cristianismo, com muita disciplina e método. A tradição da santidade e a da vida quase ascética marcaram os primórdios do movimento pentecostal, justamente pelo fato de o metodismo ter sido a principal influência do movimento holliness, que por sua vez é o precursor direto do pentecostalismo.

E- O AVIVAMENTO DA RUA AZUZA

  • Por fim, o Movimento Pentecostal é a sementeira e o berço de todas as denominações pentecostais; tudo “recomeçou” lá, no velho barracão abandonado da Rua Azuza 318 em Los Angeles, justamente por isso, é justo e indispensável a todo crente pentecostal buscar as origens práticas, históricas e teológicas de sua fé e de suas convicções espirituais carismáticas.
Foi nesse endereço em Los Angeles que um grupo multiracial de sedentos por Deus se reuniu com uma forma revolucionária de culto e expressão de adoração, sob a liderança do pastor afro-descendente William J. Seymour. Lá, oficializando a teologia de Charles Fox Parhan, eles ensinavam que o as línguas estranhas são a evidência inicial do batismo no Espírito Santo, além disso, pregavam a santificação como ato definitivo da graça, e o arrebatamento eminente da Igreja. Dentre os que passaram pela Rua Azuza o mais destacado foi, sem dúvida, o pregador holiness Charles Harrison Mason, que foi direta e pessoalmente ministrado por Seymour e recebeu o Batismo no Espírito Santo; o mesmo deu início àquela que seria a primeira e maior denominação pentecostal dos Estados Unidos e a que mais cresce no mundo, a Church Of God In Christ (Igreja de Deus em Cristo)   

CONCLUSÃO
                Ao longo da história Deus já vinha pavimentando a estrada para o pleno derramamento do seu Espírito sobre a terra, e não podemos obviamente acreditar que o movimento pentecostal no início do século XX foi o derradeiro mover de Deus precedendo o fim, mas sim, o prenúncio de algo maior e mais efusivo (Mt 24:14). Certamente o pentecostalismo deu a tônica do que será o último avivamento espiritual, e queiram ou não os teólogos céticos de “mente grega”, esse último derramar será marcado pela operação poderosa do Espírito Santo de Deus e os extraordinários sinais e dons do Espírito que confirmarão a mensagem do Evangelho. Ao entender a “árvore genealógica” do pentecostalismo, você ampliará sua expectativa por novos e mais abundantes frutos espirituais. 

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