segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A Glossolália nos Períodos Pós-apostólicos



         São raros os registros históricos de glossolalia (línguas estranhas) antes do século XIX. Isto se deve ao fato de que os historiadores, em sua totalidade cessacionistas (os que acreditam que as manifestações carismáticas foram restritas ao 1º século da Igreja), omitiam de suas obras as evidências reais de profecias e línguas estranhas, que eram descritas por eles como “excentricidades passageiras de crentes imaturos”.
         Outro motivo é que os casos de glossolalia foram muito raros após o terceiro século até o período da Reforma Protestante, já que o advento da Igreja Católica Romana, com seus dogmas heréticos, lançou a cristandade em uma era de densas trevas espirituais.
         A glossolalia somente voltou a ganhar registros significativos, quando os ventos do Espírito voltaram a soprar com grande ímpeto à partir dos séculos XVIII e XIX.
         Até o terceiro século, além dos registros da Bíblia Sagrada, temos apenas seis registros dignos de crédito, os quais trataremos à seguir.

         Um certo reverendo Frederic William Farrar (1831-1903), que era historiador e Deão da Catedral de Canterbury, na Inglaterra, pesquisando os registros históricos da Igreja Primitiva, descobriu a visita secreta de um príncipe britânico da Coorte Romana a uma reunião entre os cristãos, na qual em um dado momento, segundo ele, “línguas estranhas foram ouvidas”. E ele continua relatando assim: “As palavras que pronunciavam eram elevadas, solenes e cheias de significação misteriosa. Não falavam a sua própria língua, mas pareciam que falavam toda qualidade de idiomas, embora não se pudesse dizer se pudesse dizer se hebraico, grego, latim ou persa. Isso se deu com uns e outros, segundo o impulso poderoso que operava na ocasião”.

         Outro registro ocorreu no segundo século, através de um movimento espiritual liderado por um homem chamado Montano (Montanismo). Este movimento surgiu na Turquia visando um reavivamento na Igreja, que estava esfriando a ponto de extinguir os dons espirituais tão comuns no primeiro século. O mais conhecido adepto do Montanismo foi Tertuliano, um dos pais da Igreja.
         O fundador Montano não possuía nenhum cargo eclesiástico. Juntamente com três mulheres da alta sociedade, andavam pelas cidades pregando a santificação e a preparação para a segunda vinda de Cristo. Manifestavam-se línguas estranhas, interpretação de línguas, revelações e profecias. Nas profecias, o Senhor falava através das mulheres na primeira pessoa: “Eu, o Senhor...
         O bispado da Ásia Menor, em concílio, condenou o Montanismo em meados de 160 dC, não exatamente pelas línguas estranhas, mas pelo poder de mobilização do dom de profecia que vaticinava contra a frieza espiritual e o formalismo da liderança eclesiástica.
         Após a morte de um de seus mais proeminentes líderes, Tertuliano, a falta de respaldo bíblico nas doutrinas dos montanistas fez com que os avivalistas caíssem em exageros e algumas heresias, culminando com o fim do movimento.
        
         Por incrível que pareça, o terceiro registro provém de um anticristão chamado Celso, um filósofo pagão que repudiava ardentemente os cristãos. Este relatou em um de seus discursos no segundo século (176 dC) que os seguidores de Cristo falavam em línguas estranhas. E ele continua e afirma que os cristãos são “estranhos” e “fanáticos”, e que em suas reuniões “falavam palavras ininteligíveis para as quais uma pessoa racional não consegue encontrar significado”. Ele dizia: “São línguas muito obscuras”.
         Gostaria de observar com você o seguinte fato, mesmo sendo um ávido antagonista ao cristianismo, o filósofo Celso sabia que aquelas línguas não eram meramente um fenômeno natural.

         Outra citação refere-se à Igreja pastoreada (na França) por Irineu, um dos pais da Igreja. Na Igreja do bispo Irineu os dons espirituais estavam em plena atividade. Irineu relata assim: “Temos em nossas igrejas irmãos que possuem dons proféticos e, pelo Espírito Santo falam toda classe de idiomas”.

         Chegamos ao quarto século, o advento da igreja católica romana, que “congelou” o movimento do Espírito Santo que havia na Igreja original (a Primitiva). Eu, como ministro pentecostal, não gostaria de vivido naquela época de cultos frios ao invés de cultos dinâmicos e avivados, e no lugar de ministros “labaredas de fogo”, ministros “iceberg”.
         Porém, ainda assim, há registros de manifestações carismáticas no quarto século. O fundador do primeiro mosteiro, Pacômio, falava em grego e latim sem nunca ter estudado estas línguas, e isto é um fato sobrenatural, dado a dificuldade de ambas.

Também no quarto século, Agostinho, bispo de Hipona, afirma: “Faremos o que os apóstolos fizeram quando impuseram as mãos sobre os samaritanos, pedindo que o Espírito Santo caísse sobre eles: esperamos que os convertidos falem em novas línguas”.

         Após o quarto século cessaram os casos de glossolalia e a manifestação dos dons espirituais, que somente voltaram a tona à partir da Reforma Protestante em 31 de Outubro de 1517 com o “lendário” Martinho Lutero, que segundo historiadores, falava em línguas estranhas, além de manifestar os demais oito dons espirituais.
         Finalmente, após muitos reavivamentos históricos, surge no começo do século XX, em uma ruazinha sem expressão de Los Angeles chamada Azuza Street, o mover do Espírito Santo mais forte, bíblico e duradouro de que se tem notícia, o Movimento Pentecostal.
         A enciclopédia Britânica declara que a glossolalia reaparece nos avivamentos cristãos de todas as épocas. No diário de Thomas Walsh, um dos primeiros pregadores de John Wesley, oito de Março de 1759, encontra-se este registro: “Esta manhã, o Senhor deu-me uma língua que eu não conhecia, elevando a ele a minha alma de uma maneira maravilhosa.”
         John Wesley, evangelista inglês do século XVIII e pai do Metodismo relata: “Cerca das três horas da manhã, enquanto nos encontrávamos em oração fervente, o poder de Deus veio poderosamente sobre nós, de tal maneira que, muitos caíram para o chão... e irrompemos numa voz: Nós te louvamos ó Deus, nós reconhecemos que tu és Senhor!”
         Dwigth L. Moody, evangelista e professor americano do século XIX relata: “Pedi-lhes (aos amigos reunidos) para virem falar comigo, e ali derramaram seus corações em oração pára que eu recebesse a plenitude do Espírito Santo. Veio uma grande fome a minha alma. Não sabia o que era e comecei a clamar como nunca antes havia feito. Sentia que não tivesse este poder não queria viver, nem podia continuar o meu trabalho... só posso dizer que o Senhor se revelou a mim, e tive uma experiência tal do seu amor, que por fim tive que pedir-lhe que tirasse de mim a Sua mão”.
         Você deve estar dizendo: “Mas nestes dois últimos relatos de Wesley e Moody não se menciona línguas estranhas”. Sim, é verdade, e talvez esta seja a experiência constante em sua busca por Deus, um sempre “quase batizado no Espírito Santo”. Tente imaginar as experiências de Wesley e Moody, certamente eles sentiram as línguas espirituais fluindo em seu interior, mas nas ocasiões relatadas, não as verbalizaram. Você tem sentido a virtude do Espírito por vezes percorrer todo o seu corpo como uma maravilhosa corrente elétrica? Isto significa que Ele está te enchendo e te concedendo que fale em novas línguas criadas em seu espírito, cabe a você falar (Atos 2:4). Fale!

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