terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O RETORNO DA PRESENÇA DE DEUS




"E temeu Davi ao Senhor naquele dia e disse: 
Como virá a mim a arca do Senhor?"
II Samuel 6:9


A duas manifestações distintas da presença de Deus: a Onipresença de Deus, ou seja, Deus está em todas as partes, mesmos onde sua presença não é desejada, e a presença manifesta de Deus, ou seja, quando literalmente Ele vem. É dessa presença que a Igreja precisa, pois é ela que transforma o ambiente, muda os corações, curas os enfermos, refrigera os aflitos, aquece os corações. Essa presença não vem de qualquer maneira, precisamos entender os princípios, não estratégias, nem métodos, mas princípios.

1-    O QUE FEZ A PRESENÇA DE DEUS SER TIRADA DE ISRAEL

i-                   Sacerdotes que não conheciam o Senhor (I Sm 2:12)
Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial e não conheciam o Senhor.
É realmente paradoxal fazer menção de sacerdotes que não conheçam a Deus, mas este era o caso dos infames Hofini e Finéias, filhos do sumo-sacerdote Eli; é também o caso de muitos líderes cristãos da atualidade, que chegaram no ministério por manobras políticas, sem terem sido de fato chamados por Deus. Estes conhecem a teologia sistemática, conhecem os sacramentos e ordenanças eclesiásticas, conhecem teoricamente sobre Deus, mas não conhecem a Deus. Como tais sacerdotes podem guiar o povo de Deus? 

ii-                A porção de Deus no sacrifício era roubada (I Sm 2:13, 17)
Era, pois, muito grande o pecado desses jovens perante o Senhor, porquanto os homens desprezavam a oferta do Senhor.
Pastores que se ostentam arrancando a lã das ovelhas até sangrar o coro, vivendo como pop stars do evangelho. Não se conformam com a parte justa e bíblica que lhes cabe das ofertas e dízimos do povo de Deus, além disso, não sã fieis a Deus como dizimistas e ofertantes na obra de Deus.

iii-              Imoralidade sexual no ministério e entre o povo (I Sm 2:22)
Era, pois, Eli já muito velho e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel e de como se deitavam com as mulheres que em bandos se ajuntavam à porta da tenda da congregação.
Muitos ministros, seja de louvor ou da palavra, ingressaram no ministério com suas bagagens de sexualidade conturbada, o problema não é exatamente este, mas o fato de continuarem a tentar ministrar libertação sem estarem de fato libertos ("libertadores oprimidos"). Adúlteros, fornicários, homossexuais, incontinentes e concupiscentes. Estas inclinações devem estar mortas e contidas pela nova natureza de ministros genuinamente nascidos de novo.  

iv-              Escassez de modelo na liderança (I Sm 2:24)
Não, filhos meus, porque não é boa fama esta que ouço; fazeis transgredir o povo do Senhor.
O líder é um formador de opinião, caráter e personalidade. Líderes avarentos formam seguidores avarentos, líderes irreverentes e chocarrões formam seguidores irreverentes e chocarrões, líderes sensuais formam seguidores sensuais. Há também em nossos dias uma grande falta de líderes nos moldes de Cristo que possam, como Paulo, dizer: "Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo" (I Co11:1).

v-                Liderança acomodada e conformada pelo tempo (I Sm 4:18)
“...Eli caiu da cadeira para trás, da banda da porta, e quebrou-se-lhe o pescoço, e morreu, porquanto o homem era velho e pesado; e tinha ele julgado a Israel quarenta anos.
Poucas coisas são tão deprimentes quanto um líder acomodado com o atual estado de sua vida, ministério e igreja. Não avançam, não evoluem, não planejam, não ousam, não creem. Estão estagnados em seus dogmas, filosofias, e em sua "grande experiência de vida". Não fazem nada para se renovar e não se preparam para o novo de Deus. Estes cairão de seus tronos e não deixarão um legado de avivamento, mas uma história de decadência. 

vi-              O ministério profético da exortação inativo (I Sm 3:13)
...fazendo-se seus filhos execráveis, não os repreendeu.
É deprimente ouvir os sermões motivacionais e de auto-ajuda da atualidade em que pregadores e pastores tomados de um "espírito de frouxidão", injetam comodismo e indolência espiritual na veia do povo. Não exortam para não perder os patrocinadores, não confrontam para não perder os dizimistas; são coniventes com o pecado, com o secularismo e com a mornidão espiritual. Não querem formar cristãos à imagem de Cristo, mas marionetes religiosas à sua própria imagem. 

2-    COMO RETORNARÁ A PRESENÇA

i-                   Com reverência (I Cr 15:2)
Então, disse Davi: Ninguém pode levar a arca do Senhor, senão os levitas; porque os Senhor os elegeu...
Como Davi, muitos crentes estão fazendo algumas coisas certas, mas do jeito errado. Organizam seus ministérios e reuniões para a visitação das massas, mas não para a visitação de Deus. Precisamos rever nossa forma de entrar e se portar na presença de Deus, especialmente no templo. Tomemos como base um tribunal, no qual a entrada e permanência depende da observação de alguns protocolos de respeito à pessoa do Meretíssimo Juiz, postura, ética, pontualidade, roupas... Não deveriamos ter mais elevada reverência para com o Juiz de toda a Terra (Sl 75:4-6). A presença de Deus não se sente confortável em meio a irreverência de pregadores "palhaços" e levitas profanos.

ii-                Com santificação (I Cr 15:14)
Santificaram-se, pois, os sacerdotes e levitas, para fazerem subir a arca do Senhor...
Parece antiquado falar de santidade nesta geração de uma teologia da "graça barata"; a santificação é o preço para vislumbrar a presença de Deus (Hb 12:14). Não entendo os "ultra-calvinistas" hipócritas quando dizem: "Fulano quer ser santo demais!". Será que devemos ser santos de menos? Não é essa a ordem do Senhor. (Ap 22:11). Santificação é consagração, é dedicação, é separação. Não podemos entender a santificação bíblica no contexto de uma vida dúbia. Canta na noite e canta na igreja, se corrompe no mundo e exerce influência na igreja. Sacerdotes, levitas, pastores, precisamos nos santificar para trazer a presença manifesta de Deus.

iii-              Com renúncia constante (II Sm 6:13)
E sucedeu que, quando os que levavam a arca do Senhor tinham dado seis passos, sacrificava ele bois e bezerros cevados.
O dia de 24 horas é uma dispensação de constante renúncia. O nível de renúncia revela o nível de nossa autoridade espiritual e sucesso ministerial. Renunciar é viver crucificado, é morrer para todo o mundo e viver para Cristo (Gl 2:20). Se queremos desfrutar da presença manifesta de Deus, precisamos repudiar aquilo que para outros é normal. Devemos de fato amar o que Deus ama e odiar o que Deus odeia, sem meios termos.

iv-              Sobre os santos e não sobre as programações (I Cr 15:15)
E os filhos dos levitas trouxeram a arca de Deus aos ombros, como Moisés tinha ordenado, conforme a palavra do Senhor, com as varas que tinham sobre si.
É patético ouvir anúncios no rádio, TV, internet e faixas, que anunciam alguma conferência ou congresso de avivamento. Não podemos agendar um avivamento. O avivamento é um ato soberano de Deus. Nossas programações não atraem a presença do Espírito entre nós. Davi organizou um show pirotécnico, uma grande "balada gospel" para trazer a presença de Deus, mas esta presença somente poderia vir nos ombros de levitas e não sobre os carros de bois do mercado religioso. Deus não espera tanto que você adorne as paredes de um templo de tijolos, quanto quer que você adorme primeiro o seu templo, o seu corpo, a sua vida.

v-                Com adoração e louvor entusiasta e alegre (I Cr 15:16)
E disse Davi aos príncipes dos levitas que constituíssem a seus irmãos, os cantores, com instrumentos músicos, com alaúdes, harpas e címbalos, para que se fizessem em ouvir, levantando a voz com alegria.
Louvo a Deus pois o formalismo religioso no culto cristão está dando lugar a adoração extravagante de adoradores que não concebem a idéia de uma "adoração silenciosa e discreta". Todo nosso ser deve adorá-lo. Espírito, alma, corpo, mente, tudo. A presença de Deus não virá sem fome e sede, e tanto a fome quanto a sede são marcados por sintomas internos e externos. Clamemos pela presença com adoração alegre e expressiva.

"Ó se fendesses os céus e descesses!..." (Is 64:1a)


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

REDEFININDO O MINISTÉRIO ITINERANTE


Depois do advento do polêmico e extravagante evangelista norte-americano Billy Sunday, surgiu um novo conceito acerca do ministério do Evangelista. Sunday foi pioneiro no ministério profissional de mega cruzadas que reuniam pastores e igrejas em mobilizações em que se utilizavam os modernos recursos midiáticos e elevados investimentos financeiros. Somando as altíssimas ofertas, o glamour que marcava suas cruzadas, e sua influência carismática sobre as massas, Billy Sunday se tornou um verdadeiro “astro” do evangelicalismo.
         Temos visto em nossos dias uma explosão de pregadores itinerantes, jovens fervorosos encantados com a perspectiva das multidões e da fama. E a bem da verdade, está intrínseco na própria natureza do homem este desejo por afirmação e reconhecimento, portanto, o “sonho dourado” de jovens pregadores itinerantes não deve ser frustrado por uma piedade descontextualizada e intolerante, porém, devemos sim, encontrar um modelo bíblico deste ministério de apoio à Igreja local.
         Comece indagando o seguinte: Este atual ministério itinerante como conhecemos hoje, está de acordo com a instituição e a prática dos ministérios cristãos? Que tipo de benefício efetivo o atual ministério itinerante tem promovido para o Corpo de Cristo?
         Na história da comunidade cristã dos primeiros três séculos, três classes de ministros empreendiam viagens itinerantes como pregadores oficiais da Igreja Cristã, eram eles: apóstolos, profetas e evangelistas; pastores e mestres tinham um caráter mais local, ou seja, supriam a Igreja com sua presença constante.
         Os apóstolos eram ministros pioneiros, que além estabelecerem igrejas por toda parte, edificavam-nas com seu modelo doutrinário herdado dos doze primeiros apóstolos; eram grandemente reverenciados pelos cristãos e normalmente atuavam nos demais ministérios.
         Os profetas, tal qual no Antigo Testamento, não eram ministros “do templo”, mas exortadores itinerantes que encorajavam a Igreja em momentos de desalento, além de predizerem acontecimentos sociais, políticos e religiosos.
         Este é um momento muito especial para a Igreja de Jesus Cristo. O Espírito de Deus tem restaurado a vigência dos cinco ministérios bíblicos em nossa época, especialmente o apostólico e o profético. Genuínos apóstolos têm estabelecido e alicerçado a Igreja do Senhor trazendo outra vez a harmonia da Doutrina Apostólica. E os profetas cristãos da atualidade têm contribuído para um despertar da Igreja, com suas mensagens contundentes e cheias de autoridade espiritual. Mas é outro ministério que se caracteriza pelo seu caráter intrinsecamente itinerante, o Evangelista.
         Pode-se conceber nessa dispensação um apóstolo que se fixe em uma igreja local (Sede) após ter estabelecido algumas igrejas, também não é raro vermos pastores locais atuando como profetas para sua própria congregação; porém, não é imaginável, nem nos primórdios do cristianismo, e nem na atualidade, um evangelista com ministério geograficamente fixo. O Evangelista é o genuíno pregador itinerante, e o genuíno pregador itinerante deve ser um Evangelista.
         Surge a questão: Os pregadores itinerantes da atualidade têm desenvolvido que tipo de ministério? Indago isto, pois nos parece que alguns dessa geração de itinerantes, “criaram” uma espécie de modelo alternativo de obreiro, que não parece apostólico, profético, e muito menos evangelístico. E esta discrepância diz respeito à PROPÓSITO, MENTALIDADE e MENSAGEM. Mas é a mensagem que revela com clareza o propósito e a mentalidade do pregador. A pregação de um Evangelista deve refletir um propósito sincero de expandir com altruísmo o Reino de Deus, cooperando com pastores e igrejas através de seus dons e carisma; sua pregação deve refletir também uma mentalidade madura em relação ao Reino e a Igreja de Deus.
         Ao avaliar o ministério de um pregador itinerante por sua mensagem, podemos considerar os seguintes critérios: (1) Uma mensagem entusiasta oriunda de um coração inflamado pelo Espírito Santo e pela compaixão pelas almas; (2) Uma mensagem bíblica e marcada pela consciência e concisão doutrinária; (3) Uma mensagem marcada por uma forte convicção do pecado por parte da audiência; (4) Uma mensagem agraciada pela manifestação de dons espirituais; e (5) Uma mensagem cristocêntrica (Cristo no centro) e que aponte para a obra redentora do calvário. Isto é um típico pregador itinerante nos moldes bíblicos.
         Não perca as próximas postagens sobre Evangelismo e o Ministério do Evangelista. Deus em Cristo o abençoe. 


OS FALSOS PREGADORES MERCANTILISTAS E O SUSTENTO JUSTO E BÍBLICO DO EVANGELISTA


A viúva de Sarepta que supriu o profeta Elias

         Poucas coisas têm causado mais danos à credibilidade dos verdadeiros ministros de tempo integral quanto este moderno “comércio da fé”, em que pregadores estipulam seus cachês por mensagem. Talvez, você que esteja lendo esta postagem, considere tão normal esta atual configuração de “negócios eclesiásticos”, que possa estar dizendo: “Mas qual o problema em fechar a oferta do pregador?” Na verdade, não há nenhum problema em se fechar a oferta do pregador, o problema é no mínimo triplo: (1) O pregador que estipula o valor de sua oferta; (2) Os valores absurdos cobrados por certos pregadores; (3) O depósito prévio do valor da oferta para garantir a presença do pregador.
         Observe as palavras do apóstolo Pedro: “e, por avareza, farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita. Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o Juízo...” (II Pe 2:3-4). Pedro, com clarividência profética prevê o aparecimento desses pregadores avarentos, cujas palavras são bonitas e até verdadeiras, porém, sua motivação interior é vil e hipócrita, persuadindo as pessoas com a mente no cachê ao final de seu discurso; estes, segundo as palavras divinamente inspiradas de Pedro, serão duramente sentenciados.
         Com raras exceções, muitas igrejas e pastores se tornaram reféns dos pregadores que cobram para pregar; estas igrejas estabeleceram verdadeiros “fãs clubes” de pregadores “mega star”. Alguns pastores que não acreditam em sua própria vocação, se sentem exacerbadamente dependentes destes mercenários para atrair seu próprio rebanho; é evidente que pastores precisam do apoio ministerial de evangelistas sérios e comprometidos com o Reino de Deus para conduzirem cruzadas periódicas e reavivamentos locais, e estes sim são dignos de receberem grandes ofertas da Igreja, pois não as cobraram; porém, uma igreja não pode viver de eventos extraordinários, ela precisa do alimento espiritual cotidiano fornecido pelo anjo da Igreja, o Pastor O ministério do Evangelista para a Igreja Local, é uma “iguaria fina”, que não existe para ser consumida 365 dias por ano, mas em ocasiões especiais esporádicas.


         A negociação para pregar o evangelho é feita mais ou menos assim: O pastor liga e diz: “Quanto você COBRA para pregar na minha igreja?” E recebe como resposta: “Irei pregar por uma oferta, e dinheiro adiantado se não nada feito!” O pastor responde perguntando: “Quanto pagarei?” O pregador responde dizendo: “Olha amado, o senhor sabe que para sustentar um “HOMEM DE DEUS” não é tão barato, portanto, eu cobro (5.000,00) por mensagem; e olha o senhor fecha logo o contrato porque a minha AGENDA é cheia se o senhor não quiser tem muitas outras igrejas que querem; aliás, eu não tenho nem muito interesse em ir ai, mas, como é para o senhor ou vou neste preço; o pastor da uma pensada em trinta segundos e responde NEGÓCIO fechado.
         Tudo isso não soa muito estranho pra você? Mesmo considerando as palavras de Jesus ao comissionar seus primeiros pregadores itinerantes?: “e, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino dos céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os dmônios; de graça recebestes, de graça dai.” (Mt 10:8).
         Com embasamento em pesquisa realizada pelo Pr. Joanyr França, podemos cotar os valores do atual mercado da “PREGAÇÃO GOSPEL”:

A – 150.000,00 (pregadores importados dos Estados Unidos que pregam sobre a teologia da prosperidade)

B – 80.000,00 (pregadores vindo da Europa são mais baratos porque segundo eles o cristianismo na Europa esta em baixa)

C – Brasil: Brasil é o celeiro dos PREGADORES GOSPEL onde eles chegam a faturar livre 80.000,00 mensal. Mas os preços não são fixos, existe uma variação; mas o mínimo fixado por eles é 3.000,00 por mensagem; os valores variam porque os PREGADORES GOSPEL estão divididos em TRÊS CATEGORIAS:

1- Pregadores ASTROS: São os de primeira classe, os famosos que exigem ALTOS CACHÊS, só hospedam em hotel CINCO ESTRELAS, não pregam em igrejas pequenas e para grupos pequenos. Cobram de 10.000,00 a 50.000,00 por mensagem.

2-  Pregadores ESTRELAS: É uma classe de pregador que não divergem muito dos astros, a divergência é apenas em relação aos valores cobrados que variam de 5.000,00 a 25.000,00 por mensagem. 

3- Pregadores ASPIRANTES: São aspirantes ao posto de estrela e astro, estão no mesmo caminho deles, e como ainda não chegou ao degrau superior, têm as mesmas exigências das outras duas classes, porém, cobram mais barato, algo em torno de 3.000,00 a 15.000,00 por mensagem (texto do Pr. Joanyr França).
         A piedade não é causa de ganho (I Tm 6:5-6).

         Na verdade, o dano desses pregadores mercenários não seria tão nocivo somente pelo aspecto financeiro ou por sua motivação impura, pois consolado acerca desses homens, o apóstolo Paulo escreve: “Verdade é que alguns também pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa mente; uns por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho; mas outros, na verdade, anunciam a Cristo por contenção, não puramente, julgando acrescentar aflição às minhas prisões. Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento, ou em verdade, nisto me regozijo e me regozijarei ainda.” (Fl 1:15-18). Note que Paulo se conforma com os falsos pregadores enquanto sua mensagem é verdadeira, mas outro problema tem ocorrido entre esses pregadores “caros”, a propagação de heresias e formação de uma mentalidade espiritual popular fraca. Vejamos pelo menos cinco problemas na mensagem para identificarmos esses pregadores duvidosos:
1-    O excesso de conjecturas mal elaboradas e mal explicadas.
No afã de tornar o sermão mais atraente e empolgante, esses pregadores se utilizam de certas conjecturas que são feitas sem nenhum critério doutrinário, ou seja, narra-se uma história bíblica acrescentando informações inexistentes como se fossem fatos, assim, a conjectura já não é mais uma saudável ferramenta hermenêutica e homilética, e sim um elemento herético.

2-    Conteúdo antropocêntrico, marcado pelo desprezo à glória de Deus.
A mensagem do itinerante não pode ser outra senão Cristo e este crucificado (I Co 2:2). O ego humano e não a alma perdida parece ser o alvo dessa safra de pregadores modernos. Não se prega o que é certo para o homem, mas o que dá certo para ele; fórmulas mágicas de felicidade e crescimento apresentadas num tom de terapia motivacional. Não fala em arrependimento, renúncia, santificação, senão em “três passos para ter sucesso”; “sete chaves para ser influente”; “cinco dicas para crescer” e blá, blá, blá... O homem está no centro dessa mensagem odiosa e vil, e não o Cristo crucificado e glorificado.

3-    Uma ênfase triunfalista sem critérios e parâmetros para uma vida de triunfo.
São apresentadas maravilhosas promessas de vitória, tudo a custo de nada. As únicas bençãos que já nos foram providenciadas através da redenção, são as de cunho espiritual (Ef 1:3), as demais dádivas divinas chegam a nós condicionalmente (Jo 15:7). E mesmo algumas bênçãos espirituais advindas da redenção, operam de forma condicional (I Jo 1:7). Não se pode vociferar o “você vai ter!”; “você vai receber!”; “vai acontecer na sua vida!”, sem antes expressarmos as condições bíblicas para a aquisição da vitória.

4-    Espírito grosseiramente insubordinado que cria nas massas uma mentalidade infiel às lideranças constituídas por Deus.
Alguns desses pregadores não têm um referencial de liderança, não estão “cobertos”, ou seja, não estão sob a autoridade espiritual de ninguém; são meros andarilhos, pregoeiros errantes que não têm compromisso com a Igreja de Cristo, pois se o tivessem, teriam também com os líderes constituídos da Igreja. Em suas mensagens, tentam astuciosamente infundir esse espírito insubordinado no povo, formando gerações de crentes rebeldes. Eles aproveitam eventos isolados em que há pessoas de diversas igrejas, para maldizer seus respectivos pastores, colocando dúvidas no coração das pessoas quanto aos seus líderes: “Aquele seu pastor frio!”; “Esse pastor que não enxerga sua chamada!”, e coisas assim. Isso é perigoso! Fuja dessas insinuações malévolas!

5-    Superficialidade escriturística e ausência de conteúdo doutrinário.
Esses pregadores se dedicaram a decorar de maneira espantosa versículos bíblicos, porém, não há um senso de cadeia temática, eles simplesmente disparam textos bíblicos de maneira desconexa e jactante, porém, o conhecimento contextual acerca dos mesmos é superficial, alem de não estarem instruídos na ortodoxia da doutrina bíblica.
         É bem verdade que as pessoas não querem ouvir um sermão meramente homilético e recheado de textos bem organizados, é preciso ter A PALAVRA DE DEUS, ou seja, aquilo que Deus tem a dizer às pessoas. Mas esta Palavra não pode estar desvinculada de um parâmetro doutrinário apostólico.
     
         Precisamos poupar as ofertas do povo de Deus para aplicá-las em causas realmente justas e pregadores realmente ungidos e comprometidos. O pastor não pode de maneira generalizada atribuir esse disparate mercantilista a todos os pregadores itinerantes do evangelho. Na verdade, alguns pastores vetam o ministério de evangelistas em suas igrejas por não entenderem o perfil completamente singular desse tipo de ministro de Deus. O ministro e historiador pentecostal de avivamentos Roberts Liardon, em seu livro Os Generais de Deus comenta: “De modo geral, os evangelistas avivalistas são rápidos, extravagantes, dramáticos e têm a energia de um touro. Se o pastor entende o chamado do evangelista, os dois podem trabalhar muito bem juntos; entretanto, se o ministro tentar controlar o evangelista, para este se encaixe dentro das necessidades da igreja local, aí vai haver problemas.” (pag. 350) No mesmo livro (pag. 347), descrevendo o estilo de um grande evangelista da década de 40, Liardon narra: “Era um pregador típico da religião ‘à moda antiga’, com os mesmos costumes de bater o pé, dar gritos, chorar, soltar exclamações de ‘glória a Deus!’, falar em línguas bem alto e até dançar no púlpito, de modo extravagante.

         Voltemos à questão tão polêmica. Já que este comércio de pregadores não é aceitável a Deus e à sua justiça, então como deve ser o SUSTENTO DO EVANGELISTA?

O EQUILÍBRIO BÍBLICO PARA O SUSTENTO DO EVANGELISTA

         É fato observar que na mentalidade de certos pastores também avarentos, a igreja local não tem nenhuma responsabilidade para com o evangelista convidado, senão a gasolina e uma “esmola sagrada”. Além de avareza, esse tipo de atitude revela o espírito egoísta desse pastor, que, tendo já tirado o que é seu de direito do altar dos santos (I Co 9:13), não se importa com seu colega de ministério, e se gaba de ser mais abnegado por estar de contínuo junto ao altar. Que tremenda estupidez! Como ministro atuante tanto no ministério fixo (pastor) quanto no itinerante (evangelista), sei muito bem que ambos os ministérios são marcados por intenso labor e dedicação do obreiro da ceara.
         No mesmo contexto em que Paulo fala acerca do sustento financeiro dos obreiros fixos, ele também faz menção às palavras do próprio Jesus acerca do abnegado evangelista itinerante dizendo: “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.” (I Co 9:14).
         Num dos clássicos da literatura pentecostal chamado O Pastor Pentecostal, um dos autores, o renomado pastor Glen D. Cole, escrevendo sobre A REMUNERAÇÃO DO EVANGELISTA, enumerou três aspectos concernentes a uma conferência ou cruzada evangelística com essas palavras:

1-    Despesas de viagem. O evangelista será grandemente beneficiado se, antes da cruzada, medidas forem tomadas para pagamento das despesas de viagem. Por exemplo, se o evangelista vai de avião à cidade da cruzada, a passagem deve ser comprada com bastante antecedência ao menor preço possível. O evangelista deve se sentir à vontade para informar esse custo à igreja, a qual deve reembolsá-lo tão logo o saiba. Despesas com alimentação e com aluguel de carro também são reembolsáveis. Essas sempre serão responsabilidades de quem convida, e não do convidado. O pastor abençoa o ministério do evangelista quando esses assuntos são manejados com previsão e amoroso cuidado.

2-    Hospedagem. O evangelista (inclusive esposa e/ou família) precisa de acomodações tão cômodas quanto possíveis para realizar um ministério eficaz. É essencial que disponha de lugar apropriado onde possa ficar a sós com Deus para preparar coração e mente para pregar. Alimentação adequada é outra consideração ligada à hospedagem. Necessidades específicas do evangelista devem ser informadas com antecedência para que tudo lhe seja providenciado. O evangelista faz um investimento de tempo, família e talento, objetivando ajudar o pastor a alcançar sua comunidade para Cristo. Que o investimento da igreja local, feito no período em que o evangelista convidado está na cidade, seja considerado e levado a efeito de maneira cristã.

3-    Honorários. Qual a política da igreja local no que respeita às ofertas para o evangelista? Tal procedimento deve ser claramente acertado antes da realização da cruzada. Na minha opinião, deve ser dada oportunidade para que a congregação afortune o evangelista com ofertas, da mesma maneira que a igreja é abençoada pelo ministério do evangelista. A congregação nunca deve ser impedida de, generosamente, dar ofertas a ministros talentosos que agraciam o púlpito de nossas igrejas. Esses servos de Deus não podem fazer campanhas nas 52 semanas do ano. Sua renda deve ser suficiente para cobrir os períodos em que não há rendimento financeiro. A hora de se ofertar é a hora de se lembrar dessas palavras: “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20:35).

         Este princípio de abençoar financeiramente aqueles que nos são portadores da Mensagem Divina é bíblico e doutrinário, moral e ético.

E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui” (Gl 6:6).

         Cristãos que somos nossa cultura é judaico-cristã, e no cerne da cultura judaica primitiva e hodierna, está esta nobre veneração por homens a quem Deus agraciou com sua Palavra, Rabinos, Sacerdotes, Profetas.
         Além dos honorários legais instituídos por Deus para os levitas, os filhos de Israel entendiam que não era razoável se apresentar perante um homem de Deus sem uma dádiva, como vemos na narrativa de Samuel:

...Eis que há nesta cidade um homem de Deus, e homem honrado é; tudo quanto diz sucede assim infalivelmente; vamo-nos agora lá; porventura, nos mostrará o caminho que devemos seguir. Então, Saul disse ao seu moço: Eis, porém, se lá formos, que levaremos, então, àquele homem? Porque o pão de nossos alforjes se acabou, e presente nenhum temos que levar ao homem de Deus; que temos? E o moço tornou a responder a Saul e disse: Eis que ainda se acha em minha mão um quarto de um siclo de prata, o qual darei ao homem de Deus, para que nos mostre o caminho.” (I Sm 9:6-8)

         Perceba a importância de se ofertar e honrar a homens de Deus.
         A mulher sunamita não se reservou em construir uma “suite” para o profeta Eliseu e seu assistente (II Rs 4:8-11). Da mesma sorte, a pobre viúva de Sarepta não hesitou em dar sua última provisão ao homem de Deus o profeta Elias (I Rs 17:8-16).

         Indubitavelmente, Jesus é o nosso exemplar perfeito de pastor e pregador itinerante em tempo integral, e ao contrário do que muitos possam imaginar, o ministério de Jesus não era suprido “sobrenaturalmente”, Jesus não multiplicava pães e peixes o tempo todo, tão pouco multiplicava dinheiro. A estrutura do ministério de Jesus carecia de recursos especiais, pois seu “staff” era composto de doze obreiros que também trabalhavam na pregação do evangelho continuamente. De onde vinha o sustento para Jesus e sua equipe evangelística? A resposta é: das ofertas voluntárias dos fieis discípulos que eram abençoados pelo inigualável ministério do Messias revelado. Dentre esses discípulos que foram tocados pela unção desse ministério, estão as mulheres, isso mesmo. Vejamos:

E aconteceu, depois disso, que andava de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do Reino de Deus; e os onze iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas outras que o serviam com suas fazendas.” (Lc 8:1-3)

         Essa é a antiga máxima do sábio legalismo judaico oriundo da mente de Deus: “Não atarás a boca ao boi, quando trilha.” (Dt 25:4; I Tm 5:18). Em outras palavras: Não sonegue ao trabalhador da ceara o direito de comer do trigo que colhe.
         Gostaria de recordar ao leitor que o genuíno e vocacionado pregador do evangelho, não deixou de trabalhar para pregar, e sim passou a trabalhar na pregação. Por isso, ele é um trabalhador tão digno de ser remunerado quanto o trabalhador secular. “...Digno é o operário do seu alimento.” (Mt 10:10; I Co 9:14; I Tm 5:17-18). Deus em Cristo o ilumine.


EVANGELISTA, O AMIGO DE PECADORES


A natureza inclusiva do ministério de Jesus foi extremamente confrontadora para os judeus, com sua cultura religiosa de separação ascética. Era inadmissível para o judeu ortodoxo, em especial o fariseu, a mera comunicação visual com gentios ou pecadores; seu elevado padrão de auto-justiça e moralidade, fazia com que estes religiosos extremistas enojassem aqueles que professavam sua fé e seu estilo de vida. Surge, então, Jesus de Nazaré, com uma nova proposta de alcance das massas, Ele não queria fazer prosélitos do judaísmo, nem tão pouco impor novos dogmas ou leis às pessoas, Ele as convidava para entrar no Reino de Deus, com sua Lei do Espírito, sua contracultura, e suas promessas vindouras. Mas este não era o grande problema na perspectiva dos fariseus; o problema era o público alvo de Jesus: Todo o que crê. Indignado com o critério intolerante do “crivo” religioso dos judeus, Jesus desabafa:

E disse o Senhor: A quem, pois, compararei os homens desta geração, e a quem são semelhantes? São semelhantes aos meninos que, assentados nas praças, clamam uns aos outros e dizem: Nós tocamos flauta, e não dançastes; cantamos lamentações, e não chorastes. Porque veio João batista, que não comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Tem demônio. Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e dos pecadores.
Lucas 7:31-34

         Este foi o apelido que Jesus recebeu, “Amigo de pecadores”, e este é a realidade, pois até então, os pecadores não tinham ninguém por si, senão a acusação, rejeição e exclusão social, mas agora, em Jesus, ele encontram uma nova mentalidade sobre o interesse de Deus por eles.

         Jesus é o Evangelista por excelência, Ele é, não somente o principal propagador da Boa Nova do Reino de Deus (o Evangelho), como é também, o autor desta Boa Nova; e Ele mesmo nos deixou um paradigma absoluto e imutável para o ministério evangelístico com sua mentalidade e visão inclusiva e contextualizadora.

         Inserido em uma cosmovisão judaica separatista, Davi externou um celebre Salmo que em sua época refletia a vontade de Deus para o povo de Israel: “Bem aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” (Salmo 1:1).
         Não desejo em hipótese alguma ferir a ortodoxia bíblica veterotestamentária, mas considerando a nova proposta de Jesus de alcance dos desafortunados irreligiosos, não podemos como Igreja de Deus em Cristo Jesus, praticar a literatura desse texto, senão, apenas o primeiro conselho davídico para os nossos dias: “não andar segundo o conselho dos ímpios”. Perceba, porém, que Jesus em seu ministério terreno não foi guiado pelo conselho de homem algum, mas pelo Espírito Santo, embora, contrariando o salmo, ele constantemente se detinha no caminho dos pecadores, e sem constrangimento se assentava na roda dos escarnecedores; a grande diferença era que Ele não pecava nem escarnecia, mas influenciava. Este é o legado de um verdadeiro Evangelista e de um cristão com visão apostólica, ao contrário dos cristãos neófitos ou hipócritas, ele se dá com os não crentes.
         Este “dom” evangelístico de contextualização consiste em pelo menos cinco aspectos a serem desenvolvidos pelo aspirante a evangelista e pela Igreja Apostólica: (1) Um discernimento da mente dos não crentes; (2) Uma linguagem peculiar aos não crentes; e (3) Uma interação sem medo com os não crentes; (4) Uma familiarização num nível pessoal com os não crentes; (5) Uma habilidade de compreender e sanar crises enfrentadas pelos não crentes. Acerca desses cinco pontos falaremos numa próxima postagem.

         No contexto em que o apóstolo/evangelista Paulo orientava a Igreja de Corinto acerca do procedimento disciplinar apropriado para lhe dar com um caso de extrema imoralidade sexual dentro da igreja, ele chega em certo ponto e escreve:

Já por carta vos tenho escrito que não vos associeis com os que se prostituem; isso não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. Mas, agora, escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.
I Coríntios 5:9-11

         Esta uma das marcas da consciência evangelística, a dissociação com os falsos irmãos, e a associação com os descrentes pecadores. O ponto aqui não é comunhão, mas sim influência. Jesus comparou o Reino de Deus com o fermento (Mateus 13:33), e uma das características do fermento é que não é a massa que influencia e altera o fermento, mas o fermento influencia e altera a massa, e na concepção apostólica tanto de Jesus Cristo, quanto de Paulo, o fermento ruim não é o incrédulo pecador, mas sim o pseudo-religioso e o crente profano (Mateus 16:6, 12; I Coríntios 5:6-7).

         A mentalidade evangelística legalista de muitas igrejas de nosso século não se parecem em nada com o método apostólico de evangelização. Não acredito que Jesus ficou incomodado ou perturbado com o fato de um de seus mais influentes apóstolos ter caminhado três anos e meio com Ele sem renunciar a espada que estava em sua cintura, Jesus se fazia de desentendido com a situação, pois sabia que a ação do Espírito Santo no advento de Pentecostes o transformaria. Não adiantaria tirar a espada da cinta e não tirá-la do coração; não adianta vivermos regidos por códigos religiosos de leis: “pode isso, e não pode aquilo”, isso não é transformação, é mera religião (Colossenses 2:20-23). Não ganhamos almas para Cristo, para sobrecarregá-las com nossas ordenanças dogmáticas denominacionais; não podemos tentar usurpar o papel regenerador do Espírito.
         Parece-nos que Paulo possuía uma abordagem contemporânea do evangelho, repleto da doutrina de Cristo oculta em linguagem greco-romana (vigente na época), porém, desvinculada dos elementos ritualistas da fé judaica. E nós, como uma geração apostólica, precisamos desenvolver uma “nova” linguagem missiológica; em outras palavras, precisamos renunciar nosso “evangeliquês igrejeiro”, encontrando o equilíbrio de uma fala sã e irrepreensível, e ao mesmo tempo moderna e culturalmente contextualizada. Da mesma forma, Paulo também se utilizava de uma metodologia transcultural arrojada, que perturbou o senso de sagrado e profano dos religiosos de seu tempo, e certamente teria causado a mesma perturbação em igrejas retrógradas em nossos dias. Em poucas de suas palavras podemos compreender a visão evangelística e missionária de Paulo:
Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos, para ganhar ainda mais. E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivera debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os eu estão sem lei, como se estivera sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns
I Coríntios 9:19-22

         Nas palavras do versículo 22 Paulo revela a abrangência de sua estratégia: “...para, por todos os meios, chegar a salvar alguns.

         A rejeição e a perseguição nem sempre é reflexo de uma igreja santa e separada; na verdade, no modelo apostólico de avivamento em Atos, a igreja estava “...caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.” Muitas vezes, o motivo real da igreja moderna ser rejeitada e pisada pelos homens, é que ela é um “sal imprestável” que perdeu o sabor e não tempera. “Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.” (Mateus 5:13).
         A Igreja é comparada por Jesus a uma poderosa cidade, geograficamente edificada sobre um monte; também é comparada a uma luminosa lâmpada acesa, colocada em evidência num velador de uma casa escura, assim, Jesus exorta a que não nos escondamos ou nos alienemos deste mundo como, pois a luz só é luz brilhante em contato com as trevas (Mateus 5:14-15). Em sua oração sacerdotal Jesus rogou ao Pai, a que não nos tirasse do mundo, mas que nos livrasse do mal (João 17:15-18).
         Um cristão apostólico, e especialmente um genuíno evangelista, não pode resplandecer a sua luz no contexto interno da Igreja, ao contrário, como disse o Senhor: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus.” (Mateus 5:16).

         Acredito que a atitude evangelística mais arrojada e confrontadora de Jesus foi sua entrada na residência do chefe dos corruptos cobradores de impostos da época, Levi. Somente para que entendamos o caráter radical da rejeição desses chamados publicanos por parte dos judeus, eles eram também judeus, porém, trabalhavam colhendo de seus patrícios, impostos abusivos para o governo romano, além disso, eram homens profanos e destituídos dos valores morais oriundos da Lei de Moisés. Assim, houve a exigência de uma irrevogável separação de todo judeu ortodoxo desses pecadores inveterados. A narrativa bíblica não somente nos diz que o Mestre não somente viu Levi na coletoria e o chamou, mas também, entrou em sua casa. Isto era inadmissível, uma atitude das mais profanas e contaminadoras que um judeu poderia tomar, especialmente em se tratando de um rabino tão aclamado na época como Jesus. Certamente, até mesmo seus discípulos o censuraram secretamente. E respondendo a indagação legalista dos escribas da lei e dos fariseus, Jesus declara: “...Os são não necessitam de médico, mas sim os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores.” (Marcos 2:17).
         Precisamos parar de oferecer “quimioterapia para os resfriados da igreja”; a verdadeira praga está assolando o mundo à nossa volta, e ela se chama PECADO. Vamos às casas e mesas dos doentes pecadores e levemos o único remédio que os pode curar de fato, a Vida Eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor (Romanos 6:23).
         Voltemos a citar Paulo de Tarso, pois nenhum outro ministro compreendeu essa natureza abrangente da influência do evangelho quanto ele. Considerando a mentalidade de Jesus Cristo (I Coríntios 2:16), Paulo escreve: “E, se algum dos infiéis vos convidar e quiserdes ir, comei de tudo o que se puser diante de vós, sem nada perguntar, por causa da consciência. Mas, se alguém vos disser: Isto foi sacrificado aos ídolos, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência; porque do Senhor é a terra e toda a sua plenitude.” (I Coríntios 10:27-28).
         Este deveria ser o apelido de cada evangelista e de cada crente cheio do Espírito Santo e com a mente de Cristo: “AMIGO DE PECADORES”
         Deus em Cristo o abençoe.


A CURA DIVINA


Dons que Equipam o Profético

Efésios 4:11; I Coríntios 12:4-10

Introdução

Torna-se mais claro o caráter e a vigência do Ministério Profético, a partir da exposição de suas características, em especial os dons do Espírito Santo que equipam o genuíno Profético.
Antes de iniciarmos o assunto, vale à pena ressaltar que há uma distinção bíblica clara entre o Dom de Profecia e o Ministério Profético; alguém que possui o dom de profecia nem sempre é propriamente um Profeta, mas o autêntico Profeta, normalmente opera no dom de profecia.
Em uma postagem posterior divagaremos acerca de uma conceituação escriturística do que seja o Profeta, tanto no prisma veterotestamentário quanto no neotestamentário, agora, porém, estudemos “esboçadamente” sobre quatro dons espirituais presentes em um Ministério Profético, são eles: (1) A Palavra de Conhecimento; (2) A Palavra de Sabedoria; (3) O Discernimento de Espíritos; e (4) A Profecia.

1-    A PALAVRA DE CONHECIMENTO
Definimos assim: Habilidade sobrenatural de conhecer as coisas sem saber; por revelação do Espírito Santo – Atributo da Onisciência Divina.
i-                   NO MINISTÉRIO DE ELISEU (II Reis 4:27)
ii-                NO MINISTÉRIO DE JESUS (João 4:17-19)
iii-              NO MINISTÉRIO DE PEDRO (Atos 5:3)

2-    A PALAVRA DE SABEDORIA
Definimos assim: Habilidade sobrenatural de aplicar os conhecimentos para gerar soluções e direções por meio do Espírito Santo – Atributo da Onisciência Divina.
i-                   NO MINISTÉRIO DE JETRO (Êxodo 18:16-24)
ii-                NO MINISTÉRIO DE SALOMÃO (I Reis 3:24-28)
iii-              NO MINISTÉRIO DE JESUS (Marcos 12:17; João 8:7)

3-    O DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS
Definimos assim: Habilidade sobrenatural de conhecer os tipos de espíritos e suas manifestações – Atributo da Onisciência Divina.
i-                   NO MINISTÉRIO DE ELISEU (II Reis 5:25-27; 6:9)
ii-                NO MINISTÉRIO DE JESUS (Mateus 9:4; 12:25; Mc 2:8)
iii-              NO MINISTÉRIO DE PAULO (Atos 16:16-18)
iv-              NO MINISTÉRIO PRÁTICO DA IGREJA (I João 4:1; I Tessalonicenses 5:21)

4-    A PROFECIA
Definimos assim: Habilidade sobrenatural de proferir palavras inteligíveis, inspiradas, impulsionadas ou reveladas/vindas do próprio Deus – Atributo da Onisciência Divina.

i-                   EDIFICAÇÃO, EXORTAÇÃO e CONSOLAÇÃO (I Coríntios 14:3)
ii-                PROFECIA PELA INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS (I Coríntios 14:5b)
iii-              O ASPECTO PREDITIVO DA PROFECIA
·        No Ministério de Elias (II Reis 9:10, 35-37)
·        No Ministério de Jesus (Mateus 24)
·        No Ministério de Paulo (I Timóteo 4:1-5; II Timóteo 3:1-9)
iv-              OS ATOS PROFÉTICOS
·        No Ministério de Jeremias (Jeremias 13:1-7)
·        No Ministério de Oséias (Oséias 1:2-3)
·        No Ministério de Ágabo (Atos 21:10-11)
·        No Ministério de Jesus (a cruz)