“Porque tenho para mim a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens.”
1ª Coríntios 4:9
Para muitos, os títulos eclesiásticos são sinônimos de glamour e regalias, em especial o termo apóstolo que é muito explorado em nossos dias.
A verdadeira e melhor associação do ministério apostólico são as privações, renúncias e perseguições.
Na seqüência deste texto, Paulo declara que os ministros apostólicos são uma espécie de “para-raios espirituais”, que sofrem as aflições para que os fiéis não as sofram. Os verdadeiros ministros são aqueles que estão dispostos a sofrer para que a abra de Deus e o seu povo não sofram.
Apostolado não tem absolutamente nada haver com vida regalada e ostentação, embora seja o desejo de Deus prosperar seus ministros fiéis e dar-lhes riquezas, mas este não deve ser um fim em si mesmo. Observe a vida de Paulo e julgue você mesmo: Este é o modelo apostólico atual? “Até esta presente hora, sofremos fome, e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa.” (v. 11).
Uma das mais fortes prerrogativas apostólicas é o trabalho. Alguns ministros são obreiros em tempo integral, o que não deixa de ser trabalho na essência da palavra, porém, alguns se aproveitam deste direito (I Co 9:1-6) apostólico para viverem regaladamente sem frutificar para o Reino de Deus. “E nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos...” (v. 12).
Chamo a sua atenção ao argumento de Paulo para referir-se a abnegação apostólica, “...somos feitos espetáculo...”
O apóstolo Paulo sentia-se literalmente o participante de um Reality Show, o personagem de uma grande apresentação no palco da vida. Paulo falou de maneira pejorativa, como se fosse um “confinado” sujeito à observação de classes diferentes de espectadores: “...ao mundo, aos anjos e aos homens...”
Em meio aos sofrimentos do ministério, somos personagens com uma “torcida” especial, contra, e a favor. Enquanto os demônios (anjos maus), torcem para que venhamos a sucumbir diante das tribulações, e para a nossa destruição e morte, Deus e seus anjos torcem e nos ministram para que sejamos mais do que vencedores em nossas batalhas cotidianas. Os homens, por sua vez são espectadores secundários que testemunham nossas vidas para depois aplaudirem ou criticarem.
Os cristãos primitivos foram literalmente expostos como um pavoroso espetáculo de sangue; foram lançados nas arenas romanas como alimento aos leões; estraçalhados pelos carros dos centuriões e pelos soldados, queimados vivos por ordem dos sádicos imperadores de Roma, tudo para divertir as multidões em êxtase. O escritor aos hebreus expressa isso muito bem:
“Em parte, fostes feitos espetáculo com vitupérios e tribulações...”
Hebreus 10:33
O ministro apostólico precisa estar preparado para “atuar nas cenas” de perseguição e angustia sem perder sua fé e confiança em Jesus.
Quando Paulo disse: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fl 4:13), ele não se referia ao contexto em que muitos expõem esta expressão na chamada “teologia da prosperidade”. Quero dar aqui a minha versão das palavras de Paulo, a “V.E.R.”, “Versão Enéas Ribeiro”, se é que eu posso! Que tal: “Estou preparado para qualquer condição e situação naquele que me capacita.” A prova disso está no versículo anterior, ou seja, este é o contexto real: “Sei estar abatido e sei também ter em abundância; em toda a maneira e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome; tanto a ter abundância como a padecer necessidade.” (Fl 4:12).
Paulo sem dúvida alguma foi um dos personagens que mais sofreu no “palco da perseguição”, contudo, sempre manteve suas motivações puras diante do Senhor e conservou-se como um eterno modelo apostólico.
Em sua segunda carta aos crentes de Corinto (11:23-27) Paulo descreve com detalhes algumas das muitas aflições que passou ao longo de seu ministério, e ainda assim, não deixou de sofrer preocupação com as igrejas.
“Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.”
II Coríntios 11:28
Alguém que não esteja disposto a padecer perseguições e tribulações por Cristo e sua Igreja, não pode se quer ser chamado cristão, que dirá ministro apostólico.
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