Os profetas sempre exerceram uma influência significativa na vida religiosa e política do povo de Israel. Grandes avivamentos foram desencadeados mediante a mensagem incisiva e contundente destes homens que gozaram de uma intimidade singular com Deus. Três principais características expressam a distinção do profeta entre os “homens comuns”:
1- Suas palavras eram respaldadas por Deus. “E eles, quer ouçam quer deixem de ouvir (porque eles são casa rebelde) hão de saber que esteve no meio deles um profeta.” (Ez 2:5)
2- São intocáveis para Deus. “Não toqueis nos meus ungidos e não maltrateis os meus profetas” (Sl 105:15)
3- São confidentes de Deus. “Certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas.” (Am 3:7)
Nas dispensações passadas, representavam a Deus no ministério e eram ungidos, os reis; os sacerdotes; os juizes e os profetas, porém, os mais destacados foram os profetas, embora todos tivessem sua importância.
Assim como existem semelhanças entre o profeta no Antigo Testamento, existem também diferenças. Em seu livro intitulado: Títulos e Dons do Ministério Cristão, o professor Estêvam Ângelo de Sousa assim escreveu: “É quase certo que alguns pensam em um profeta do A.T. à maneira do que julgam ser um profeta em nossos dias. Pensam talvez em um homem de joelhos, com os olhos fechados, a proferir, sob o impulso do Espírito Santo, uma mensagem predita ou de advertência. Este conceito, entretanto, não corresponde ao profeta nem do A.T nem do N.T.
O mais certo é pensar em um homem sentado a uma mesa, a escrever a mensagem que Deus lhe vai colocando na mente, ou mesmo ditando para outro escrever, como no caso de Jeremias e Baruque (Jr 45), etc., falando ao povo, convocando especialmente para determinadas ocasiões. Outras vezes falando ao rei, às autoridades de seu país, em audiências obtidas propositadamente; e ainda transpondo as fronteiras do seu país, andando léguas e léguas, levando impressa em sua mente a mensagem de Deus, a outros povos; à semelhança de um estadista, um emissário, com a autoridade para denunciar as transgressões dos reis, dos príncipes e povos, a exortá-los ao arrependimento e à conversão a Deus, como faz em nossos dias, um pregador do Evangelho, movido pelo Espírito Santo.”
Perceba aqui, que, o profeta do passado possuía as credenciais do pregador da atual dispensação. Devemos, porém, distinguir o Ministério de Profeta do Dom de Profecia.
Muitos se intitulam “profetas”, sem ter a menor familiaridade com as Escrituras, o que constitui-se como um paradoxo, pois o verdadeiro profeta destaca-se como um “oráculo de Deus”, o profeta “borbulha” a palavra de Deus pois está cheio dela. Não são todos no corpo de Cristo que podem exercer o ofício de profeta, pois nem todos estão biblicamente preparados para isso. Este é o Ministério Profético, “E ele mesmo deu uns para...profetas...” (Ef 4:11).
Como um profeta, eu sei que o desejo de Deus é que todos profetizem. Deus sempre anelou por uma geração profética, e Ele expressou isto através de dois grandes ícones, no Antigo Testamento, Moisés e no Novo Testamento Paulo de Tarso (Nm 11:29; I Co 14:5). O ministério profético é distintivo, mas o dom de profetizar é para todos os crentes, e deve ser anelado e buscado por todo crente zeloso, “Segui o amor e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar” (I Co 14:1).
O ministério profético hoje não pode perder o seu foco e assumir características da Antiga Aliança, pois assim, não seria um ministério apostólico. Não é raro se ver hoje “profetas” vaticinado morte, caos e a ira divina, e isto não é um ministério profético genuíno, não obstante eu creio que Deus ainda exerce juízo sobre o pecado do homem, mas a implacável ira do Pai foi desviada da humanidade quando se deparou com o Filho na cruz do calvário. O extremo dessa situação são os “profetas do uma vez salvo, salvo para sempre”. Não quero me embrenhar aqui em uma discussão teológica sobre calvinismo e arminianismo, pois o conteúdo deste livro é de cunho profético, mas o profeta não somente anunciar a face graciosa e provedora de Deus e omitir seu juízo vindouro.
Profetas não podem viver à “entregar chaves” de casas ou automóveis (embora Deus o possa fazer) e dizer falsamente: “Meu servo, estou me agradando de ti, diz o Senhor!” quando a pessoa está com a vida atolada no pecado. Este é o motivo de muitos “crentes” não se converterem de verdade. “Assim diz o Senhor Jeová: Ai dos profetas loucos, que seguem o seu próprio espírito e coisas que não viram!” (Ez 13:3). O profeta apostólico limita-se a edificar os fiéis, exortar os desapercebidos e consolar os aflitos (I Co 14:3).
Existem alguns critérios para se identificar a autenticidade de um ministro profético, mas o principal é dado pelo maior profeta que já existiu: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvores má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons. Toda arvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.” (Mt 7:15-20).
Há um modelo típico e expresso deste tipo de ministro no livro de Atos (o paradigma para a Igreja moderna), trata-se de um de um profeta que também exerceu o ofício apostólico, Silas. “Depois Judas e Silas, que também eram profetas, exortaram e confirmaram os irmãos com muitas palavras.” (At 15:32). Perceba que, o ministério profético de Silas conferiu-lhe o privilégio de ser escolhido por Paulo para uma missão apostólica “E Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu...” (At 15:40), isto, logo após o “desligamento” ministerial de Paulo e Barnabé (At 15:39). Silas foi um PROFETA APOSTÓLICO.
Precisamos de uma restauração na compreensão do ministério apostólico para haja uma nova compreensão do que é um profeta na Aliança da Graça.
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